Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Planejamento,Organização e Método




Tem que realmente viva, prefira e opte por uma vida sem roteiros. Este nunca será o meu caso. Tenho, ainda, uma grande satisfação em ver cumprida uma meta, em chegar a um objetivo, em planejar e realizar. Aqueles que tentam viver anacronicamente como hippies odeiam isso.
Gosto das coisas fora do roteiro, da espontaneidade, mas em noventa por cento do tempo, vivo minhas agendas e meus planejamentos. O tempo é uma coisa fugaz o bastante, que nos ludibria, que passa sem a gente perceber. Planejar ajuda a gente a ter controle (mesmo que seja imaginário) sobre ele.
O que em minha relação com o tempo mudou foi que vim a perceber que certas coisas dependem mesmo de estabelecer um tempo para elas – para realizar coisas, adquirir um bem, aprender algo, conhecer coisas, ficar num lugar ou com uma pessoa, enfim... Mas a pessoa de quem falo, que, com toda razão, critica meu jeito metódico com a vida, não vê que faço opções e que para que eu possa estar em paz com o tempo é preciso que as coisas tenham hora e lugar.
Sofro com as saudades, sejam saudades dele, seja da minha casa, dos meus bichos, de um lugar, de uma atividade... Mas é muito gostoso saber que depois da obrigação vem o recreio. Deste modo, nem me sinto irresponsável nem preciso ficar preocupada por ter deixado para depois alguma coisa que era meu dever.
Ele não entende. Na verdade, no foco mesmo da verdade, nós não temos nada a ver – neste e em outros planos.
Hoje Marcelo escreveu para mim. Lembrei que ele sempre foi workaholic – e este é um ponto a que eu jamais quero chegar. Porém, vivo me enroscando com workaholic e já disse aqui que minha analista diagnosticou: “Você gosta de homens ocupados” (respondendo por Marcelo e por C.). Sim, eu gosto de homens ocupados e de gente que entenda a rotina comum dos que trabalham na área em que atuo.
A vida sem roteiro é a vida fora de rota, para mim: à deriva, mais vulnerável, mais suscetível, mais imprevisível, mais sem rédeas...
Acho que só consigo amar tanto a minha liberdade porque é em nome dela que planejo meu trajeto e administro meu tempo. E, sim, devo ter em mim muitos preconceitos contra os desocupados, os sem planejamentos, os desorganizados... Ou talvez seja somente o choque de pontos de vista contrários... Também adoro estar à toa, mas ócio demais me enlouquece e eu preciso estar envolvida em algo para fazer.
A rotina nos consome, mas sem ela, o que é a vida? Um turbilhão de coisas não controláveis numa horda de ações irresponsáveis e inconsequentes. Pode ser que a realidade das coisas seja isso: não quero ser inconsequente. Se sou previsível? Tanto faz. Para mim, melhor assim. Na verdade, “eu tenho pressa e tanta coisa me interessa!”.

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