Já nem sei quem foi a celebridade do sexo feminino que
andou declarando que “homem adora mulher que se banca”. Talvez tenha sido respeita e não adora, mas o fato é que tenho visto uma quantidade infinita de
homens oportunistas que, longe de louvar a sorte de termos evoluído e
conquistado independência, fecham o bolso e se instalam na casa das mulheres a
fim de economizarem.
Quem mora só sabe que boa parte dos homens se
aproveita da casa própria das mulheres, para economizar motel; que deixam de
lado a gentileza de eventualmente pagar uma conta, que aderem a um espírito parasita
para usufruir dos bens materiais das mulheres e, de quebra, levarem até um
dinheirinho extra, conquistado sob chantagem emocional, sem contar aqueles que
são acomodados e pertencem à geração “neném”, isto é, ‘NEM estudam, NEM
trabalham’ e reproduzem com as namoradas a mesma exploração praticada em
família. No geral, são sustentados por mamãe e papai, trazem no bolso uma
historinha de esforços não reconhecidos e sonhos de cursar certa faculdade ou
alcançar vaga em dado concurso para o qual ele nunca está preparado.
Perfis deste tipo entram na vida das mulheres
através de pequenas brechas: amigos em comum, um evento, um acaso, carências e
ilusões alimentadas pelas mulheres e aquela velha esperança nutrida à base do ‘ele
vai melhorar’, não descartando os casos em que somos ludibriadas e nem
desconfiamos a barca furada que ancorou em nosso porto.
Eu sei é, que mulher que se banca tem é ousadia:
geralmente não são reféns de alguém que a sustenta; têm maior iniciativa para
resolver seus problemas; têm autonomia para tomar decisões, vão a qualquer
parte com maior segurança e admitem que um homem é parte de seus desejos e da
sua independência, isto é, mulher que se banca não tem postura de mal-amada.
Não nego as exceções, mas graças a Deus elas não fazem parte das minhas amigas íntimas.
O que mais gosto no fato de eu me bancar é o
orgulho em saber que nenhum homem me compra, que não dependo deles, que o que
me pertence veio dos meus esforços... E adoro mostrar que não sou interesseira.
O outro lado disso é poder assumir que gosto de namoro por tempo indeterminado
e que, apesar de gostar de grudinhos moderados, não quero ninguém colado em mim
e em minha casa; que pego meu dinheiro e vou a qualquer parte, que minhas aquisições,
conquistas ou compras não são tributárias de homem algum e que, por
conseguinte, não devo nada a eles – nem satisfação. Não me vendo para ter com o
que comprar o que quero.
Outra questão interessante: a mulher que se banca
não se resume àquela que paga as próprias contas. Vai além: do sexo ao estudo,
das ideias políticas às opções estéticas ou religiosas... É uma pertença a si
mesma. Nem sempre quem tem dinheiro tem independência. Há dependência emocional, baixa autoestima, resignação, fragilização psíquica, infantilização e outros fatores que incidem sobre as mulheres em determinados contextos. Respondendo por mim, é muito bom, sim,
manter a mim mesma, ser independente e, ainda assim, saber que preciso de um
homem, num plano acima das necessidades materiais.
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