Louquética

Incontinência verbal

domingo, 15 de dezembro de 2013

Mantenha-se chique: mantenha-se!




Já nem sei quem foi a celebridade do sexo feminino que andou declarando que “homem adora mulher que se banca”. Talvez tenha sido respeita e não adora, mas o fato é que tenho visto uma quantidade infinita de homens oportunistas que, longe de louvar a sorte de termos evoluído e conquistado independência, fecham o bolso e se instalam na casa das mulheres a fim de economizarem.
Quem mora só sabe que boa parte dos homens se aproveita da casa própria das mulheres, para economizar motel; que deixam de lado a gentileza de eventualmente pagar uma conta, que aderem a um espírito parasita para usufruir dos bens materiais das mulheres e, de quebra, levarem até um dinheirinho extra, conquistado sob chantagem emocional, sem contar aqueles que são acomodados e pertencem à geração “neném”, isto é, ‘NEM estudam, NEM trabalham’ e reproduzem com as namoradas a mesma exploração praticada em família. No geral, são sustentados por mamãe e papai, trazem no bolso uma historinha de esforços não reconhecidos e sonhos de cursar certa faculdade ou alcançar vaga em dado concurso para o qual ele nunca está preparado.
Perfis deste tipo entram na vida das mulheres através de pequenas brechas: amigos em comum, um evento, um acaso, carências e ilusões alimentadas pelas mulheres e aquela velha esperança nutrida à base do ‘ele vai melhorar’, não descartando os casos em que somos ludibriadas e nem desconfiamos a barca furada que ancorou em nosso porto.
Eu sei é, que mulher que se banca tem é ousadia: geralmente não são reféns de alguém que a sustenta; têm maior iniciativa para resolver seus problemas; têm autonomia para tomar decisões, vão a qualquer parte com maior segurança e admitem que um homem é parte de seus desejos e da sua independência, isto é, mulher que se banca não tem postura de mal-amada. Não nego as exceções, mas graças a Deus elas não fazem parte das minhas amigas íntimas.
O que mais gosto no fato de eu me bancar é o orgulho em saber que nenhum homem me compra, que não dependo deles, que o que me pertence veio dos meus esforços... E adoro mostrar que não sou interesseira. O outro lado disso é poder assumir que gosto de namoro por tempo indeterminado e que, apesar de gostar de grudinhos moderados, não quero ninguém colado em mim e em minha casa; que pego meu dinheiro e vou a qualquer parte, que minhas aquisições, conquistas ou compras não são tributárias de homem algum e que, por conseguinte, não devo nada a eles – nem satisfação. Não me vendo para ter com o que comprar o que quero.
Outra questão interessante: a mulher que se banca não se resume àquela que paga as próprias contas. Vai além: do sexo ao estudo, das ideias políticas às opções estéticas ou religiosas... É uma pertença a si mesma. Nem sempre quem tem dinheiro tem independência. Há dependência emocional, baixa autoestima, resignação, fragilização psíquica, infantilização e outros fatores que incidem sobre as mulheres em determinados contextos. Respondendo por mim, é muito bom, sim, manter a mim mesma, ser independente e, ainda assim, saber que preciso de um homem, num plano acima das necessidades materiais.

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