É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo num mês
fervoroso como dezembro, que nem dá para atualizar a conversa. Tem isso de fim
de ano em geral, fim de ano letivo em particular e rituais de finalização de
ciclos que põe no mesmo patamar de agonias os seres humanos nas infinitas filas
de supermercados, de lojas, de bancos, de carros (engarrafamento, o que é senão
uma fila parada?); os desesperos para cumprir bancas de Trabalho de Conclusão
de Curso; elaborar e aplicar provas, nos casos daqueles que, como eu, vão
atravessar o verão trabalhando, sem férias, para compensar greves de outrora;
além das aplicações da vida particular, coisas que prometemos a nós mesmos e
tomamos como metas a cumprir. Em resumo, ando cansada de filas e de ocupações. Alimento
a ilusão de que tudo vale porque teremos dez dias de recesso entre o natal e o
ano novo.
Sempre que penso nessa perspectiva de fim de ciclo,
dou graças a Deus por minha finitude. Volto a protestar contra os amigos da
Vida Eterna: mas, meu Deus, como o ser humano pode ser tão louco e egoísta a ponto
de desejar não acabar nunca? Tudo passa – tudo de bom e tudo de ruim. Graças a
Deus!
Não se será melhor morrer num momento de felicidade
ou num momento de infortúnio, numa daquelas ocasiões em que a gente chega a
pedir a morte. O caso é que tudo acaba. Talvez por sabermos que tudo acaba
alimentamos a ideia de que é preciso aproveitar a vida, pois ela dura pouco.
Também acredito que construímos um saldo moral sobre
nossas ações, que é convertido em valores espirituais, de alguma forma,
variando na acepção de cada religião ou crença pessoal. O tempo passa sempre,
além do que o calendário dita. Porém, acho interessante termos uma criação
imaginária sobre o tempo, o que acaba, o que se anuncia, o que termina e o que começa...
Precisamos dessa ilusão para dar certidão de nascimento a uma meta, a um plano
e a certidão de óbito para o que já passou.
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