Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 1 de março de 2010

Dando a volta no meu mundo


Eu sou teimosa com alguns pressentimentos e sempre pago caro por isso. É que duvido de minhas dúvidas e duvido de mim mesma. Assim, é que, por exemplo, havia sacado que uma certa colega de trabalho não confiava em mim, apesar da proximidade. Mas, duvidei, porque sempre acho que sou daquelas pessoas extremamente desconfiadas.
Dito e feito: ela pensava misérias a meu respeito e a proximidade física nunca foi sinônimo do contrário.
Quando eu vi a mãe de uma outra pessoa, rapidamente, pensei: esta daí não gostou de mim. Para minha sorte, foi recíproco: eu também não gostei dela e hoje sei que ela de fato, me detestou.
Aí eu vou e escrevo que empatei com o primeiro lugar no vestibular. Claro, eu não tinha idéia de que fui eu a primeira classificada: de novo, duvidei de mim mesma. Talvez isso seja para não parecer presunção, orgulho, exibicionismo...e é assim em tudo: nas proficiências em que eu acho que perdi, nos concurso que eu acho que fui reprovada, nas várias coisas que eu acho que estou aquém e o futuro vem e mostra que o meu resultado foi bom.
Já conversei sobre isto na Psicanálise. Segundo a analista, tenho medo de causar inveja, porque as filhas de minha madrasta e a minha madrasta viviam me punindo sempre que verificavam alguma coisa em que eu era melhor (desde a aparência do cabelo aos resultados na escola,passando pela minha desenvoltura em desde,os 11 anos, saber andar pelo centro, viajar sozinha se necessário, saber mexer nas coisas, entender bem outros idiomas e ter sempre informações novas, etc.)...Isso significa que incorporei a máxima: "prego que se destaca toma martelada". E segui a vida!
Quanto a duvidar de minhas opiniões sobre os outros, suas ações e seus sentimentos, tem aquela turma que vive insistindo em que a gente não deve julgar mal aos outros, que deve dar outra chance às pessoas e blablablá...
Por ouvir este povo que também acha que quando eu desconfio de atitudes e comportamentos suspeitos é exagero, teria evitado decepções,prejuízos e assaltos...mas tem essa consciência cristã do povinho de bem para pregar o contrário e fazer a gente se reconhecer paranóico, mesmo quando a paranóia não se confirma.
Se eu ouvisse mais a mim mesma eu teria caído fora da casa de uma amiga há mais tempo; eu teria deixado um certo emprego há mais tempo; eu teria me afastado da amizade de meia-tigela de quem me acusou de não sei o que, não sei por que, e evitaria perdas de tempo;
Se eu ouvisse mais a mim mesma, entenderia que não era por paranóia que eu estava vendo certas ações de desamor por parte de um grande amigo e reconheceria de pronto que ele estava embebido pelas idéias de alguém contra mim;
Se eu ouvisse mais a mim mesma, assumiria e arriscaria mais pontos de vista, além de me desviar de muitos sofrimentos;
Se eu ouvisse mais a mim mesma, teria me preparado para as decepções e reconheceria quem me subestima e quem acha que por eu ser louquética, sou burra. Acho que esta é a única convicção real que eu tenho: não sou burra.
Também não sou de fazer média, de ser puxa-saco, de ignorar a realidade ou de ficar do lado de quem eu gosto quando quem eu gosto está errado.
Não dá para apoiar os erros, não dá para encobrir negligências, não dá para camuflar meu asco por quem beneficia os seus em detrimentos de quem realmente merece...mas o que dói ainda mais é ver um amigo sendo tremendamente enganado e eu não poder dizer nada.
Mais uma vez, o lugar de cúmplice: sei, mas não posso dizer. E se eu pudesse dizer, talvez nem dissesse, para evitar a dor.
Aí rodo em círculos: não conto porque não é da minha conta; mas enquanto eu não conto, a vida dele está exposta e ele está retroalimentando o círculo, já que a pessoa domina todos os segredos dele(s) e repassa para terceiros (e quartos e quintos...).
Engraçadas estas coisas que não são da nossa conta. Eu não sei por que não são da nossa conta, de fato: ora, se a gente toma conhecimento e se importa com as pessoas envolvidas, logo, realiza algum julgamento sobre a situação. Seria da minha conta aquilo que atinge as pessoas de quem gosto? ou deixaria de ser de minha conta por que pertence à vida íntima e particular do amigo? mas se é íntimo e particular, como é que eu sei?
Acho que as coisas que não são da nossa conta são assim descritas porque a gente não quer se meter em confusão. É, certamente é isso: se vai lhe causar confusão, é porque não é da sua conta.
Ah, eu sou um ser musicalizado e, por isso, até cito uma música da minha infância, chamada Luka, da Suzanne Vega, que depois de dizer: "My name is Luka, I live on the second floor" e blablablá, vai dizer também: "...It´s not your business, anyway"! Pois é, não é de sua conta, de jeito nenhum!

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