Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O espelho das relações


Quando eu comentei que a nota dos orientadores aos seus orientandos era tendenciosamente padronizada, certas pessoas não contiveram o ódio que sentem por mim.
Quando este mesmo comentário foi feito em reunião, por várias outras pessoas, elas ficaram passivas e impassíveis: o problema era mesmo comigo.
Qualquer coisa que eu diga será encarado por elas como um crime de lesa-majestade, porque antes de qualquer coisa que eu fale, falará mais alto o ódio que elas têm por mim.
E pensei muito nesse ódio, porque a gente sempre procura as razões para tais sentimentos. Não precisa ter razões para amar , nem para odiar, não se trata de coisas racionalmente determinadas, não.
Queria que elas ficassem em paz com aquele ódio: sentimento autêntico.
Temos medo de amar. Temos medo de odiar e parecermos monstruosos, imbecis, ruins, maus...e todo mundo quer ser bonzinho e amado. Eu não estou fora desta estatística: não quero ser vilã.
Vivo colocando o espelho no meio do caminho e sei que isso é irritante.
Gente, é tão desagradável ter que conviver com quem a gente não gosta. Imagino a agonia delas, a necessidade de me vigiar para catar algum pretexto para comentários depreciativos, a constante observação aos meus passos, para ver se desautorizam minha fala...ah, gente, eu estou de passagem.
Eu estou de passagem, tudo é transitório e eu não desejo me eternizar, não faço a menor questão de nada, principalmente, do que não me faz bem.
Acontece que há coisas que estão fora da esfera de nossas escolhas: não as escolhi por companhia e a recíproa é verdadeira. Contudo, me espanto com quem confunde as coisas: não gosto de trabalhar com inimigos, mas não me ponho contra seus feitos nem vou prejudicá-los nem deixar de reconhecer suas competências, seus acertos etc. O trabalho, a realização dele, está acima destas inimizades.
Uma das melhores inimigas que tive até hoje foi Carol: a gente se detestava assumidamente, reciprocamente, mas aprendi muito com ela.
Ela nunca se furtou a reconhecer a coerência de minhas propostas e vice-versa, e também com ela eu aprendi a preservar minha dignidade e, por exemplo, pedir demissão de um outro lugar.
Inimigo digno é este que separa as coisas, não persegue, vota com coerência, não joga areia no plano do outro, cuida de si sem prejudicar a outrem, não deixa que o ódio resulte em injustiça.
Seguindo a filosofia do mestre Antônio Carlos Magalhães, "Aos amigos, tudo; aos inimigos, a justiça".

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