Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Todos os nomes


Não é nada com a obra homônima de José Saramago - esta eu comento depois, porque não terminei de ler.
Eu estava me lembrando dos apelidos que já ganhei ao longo da vida - pelo menos os apelidos conhecidos, porque quando a gente se torna professor ganha apelidos que ignora.
Então, os primeiros, os da infância: Narizinho, porque eu parecia a protagonista do Sítio do Pica-pau Amarelo e isso desafia qualquer lógica genética hoje em dia. Na época, todo mundo falava e acabou virando apelido.
Na universidade eu era Mara Tara, personagem de Angeli.
Nem pensem mal: eu fui careta na universidade: só transei no D.A. uma vez; nunca usei drogas, tinha nojo de maconha, aquela porcaria cheirando a cocô queimado, todo babado de um monte de bocas...credo!não vivi nenhum clichê de minha época.
A porcaria desse apelido foi dado por um ex-namorado meu, de Administração, que andava com os maconheiros de minha turma.
Eles acharam a total compatibilidade entre mim e a personagem, porque Mara Tara era extremamente estudiosa, casta e reprimida. Entretanto, ela contraiu um virus, o Ninfus Maniacus...e não estou nem doida de contar os pormenores dessa história.
Entrei no Corpo de Bombeiros e, quando recruta, meu apelido era História, porque era o que eu cursava.
Nessa época descobriram que eu achava que E. P.Giostri era um gato. Ah, descendente de italianos, super gostoso!!! vivia preso o tempo todo, igual a mim!
Depois foi o próprio menino que descobriu e me deu um aperto - e eu, tímida, me encolhi em silêncio.
Isso originou uma infame paródia de uma música, um forró de sei lá quem, o Xote ecológico( aquele lá que diz: "Não posso respirar, não posso mais nadar/a terra está morrendo,/não dá mais para plantar/se plantar, não nasce/ se nascer não dá...") em que eu e minha turma éramos caluniados:

" História estava aqui, Giostri comeu;
Lu estava aqui, o sargento comeu;
Nery estava aqui, o capitão comeu,
Nem finado Plínio sobreviveu!"

Esses eram os meus colegas de turma e suas calúnias, mas nunca houve nada entre mim e Giostri - besta que eu fui!
No final do recrutamento eu já era Abadá, por conta da minha detenção de 04 dias por ter chamado assim à farda militar - longa história de que tenho vergonha. Eu vivia presa o tempo inteiro no final do curso, sempre aprontando alguma coisa.
Vou saltar os apelidinhos fru-fru que meus namorados me puseram, mas em compensação vou confessar que minha super-amiga me chama de Lola, por causa de um filme.
Finalmente, vem o apelido que mais me causou problemas, no sentido de que ainda sou lembrada por ele e ardi em vergonhas naquelas aulas: Apaga-fogo.
Eu fui fazer uma extensão em Arqueologia, curso noturno, excelente.
Para a minha sorte, as mulheres eram minoria e aí sempre tem os assanhadinhos e eu dei de cara com uma galera deles.
Eles combinava com o professor ficar me chamando a dar opiniões, a subir a descer, a circular pela sala, a discutir a droga do carbono 14 e do carbono 16 aplicados, em blablablá dos sítios arqueológicos e etc., e eu ouvia toda hora:"Chama a Fire Girl, professor!"...e a noite era de Apaga-fogo e Fire girl, numa chatice!!!
Acabaram erotizando minha profissão, minha farda e esse negócio de conotação sexual que o fogo e a mangueira fornecem, até a Amiga Secreta do curso, em que o professor lastimou que ninguém tivesse me dado uma cinta-liga vermelha.
Aí está a outra arqueologia: a dos nomes dados, da identidade que os outros nos atribuem...no final das contas, até que me diverti com essas personas.

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