Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 26 de maio de 2010

De medroso e de louco todo mundo tem um pouco


Eu já senti medo de viajar de avião. Claro, eu nunca tinha viajado de avião neste tempo, mas confesso que odeio decolagem - tenho medo mesmo!
Divago na constatação de que no céu não tem semáforos, nem placas indicando perigos, direções, velocidades...aí "uma analista amigo meu" vem explicar que quem tem medo de avião precisa se tratar - esse meu medo era normal, da apreensão. Não se sentir totalmente seguro é outro caso bem normal. Mas o meu medo estava relacionado ao fato de que eu me fixava em perder o controle, estando à mercê dos outros.
Ah, não dá para gritar para os comissários de bordo: "Pára, que eu quero descer nesta próxima nuvem!".
Tenho medo de poucas coisas nesta vida, como de águas volumosas, por exemplo.
Andei de ferry-boat há 800 anos atrás, mas Deus me livre.
A mim não interessa viagem por águas - fiz até Tatiana se prestar a um percurso de quase duas horas até Niterói, só para não pegar a porcaria da balsa, da lancha ou de qualquer outra embarcação, mas nada de águas profundas!
Tenho medo de trânsito: sou uma pedestre prudente e paciente e sou uma motorista medrosa.
Se eu estou na pista e aparece um carro de porte, principalmente carretas, eu congelo.
Quando estou no Aborhecence Golden Plus Mega Bus que me leva a Xique-Xique, sempre acordo (nas raras vezes em que durmo) quando estamos na curva dos precipícios. Motoristas tendem a acelerar nas curvas, sempre.
Percebo que não durmo não só por medo de acidentes, mas parece que eu prefiro ver as tragédias que me acomtem, prefiro encarar a morte e os perigos. Foi assim com o assalto por que passamos há dois anos: eu sempre atenta.
Todos os acidentes sempre acontecem nos mesmos lugares, apesar das advertências.
Já parou para pensar por que alguns trechos de estrada se tornam conhecidos como sendo perigosos ou por registrarem altos índices de acidentes? ora, por que poderia ser? porque todos os motoristas se sentem desafiados pelas advertências e todos cometem os mesmos erros nos mesmos lugares, principalmente,aceleram nas curvas, utilizam alta velocidade e adoram fazer ultrapassagens desnecessárias em trechos críticos porque esse negócio de ficar para trás está por fora.
Em motocicletas é engraçado: acidentes com mulheres são mínimos. Nós nos equilibramos melhor em duas rodas do que em quatro!
Contudo, onde eu trabalho é assim: capacete é um negócio de usar no cotovelo. Capacete e cinto de segurança são encarados como sendo algo que favorece ao Governo, não à vida do imprudente que está dirigindo. Ah, meu São Caetano (Veloso): "Baiano burro, nasce, cresce e nunca pára no sinal..." e "Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos/e perdem os verdes, somos uns boçais". Tá explicado?
Outros medos: tenho medo de passageiros esquizofrênicos.Sim, passageiros. De gente comum esquizofrênica, em situação normal, eu sei correr, sei fugir.
Imagino sempre o pior tipo de esquizofrênico: um daqueles portadores da esquizofrenia, um bem paranóide, que comece a gritar no ônibus ou que perca a paciência, bata à porta do motorista e tente tomar o volante ou que, simplesmente, aterrorize a gente.
Os medos não nascem espontaneamente: eles vêm de vários lugares, vão se criando ora por questões simbólico-imaginárias de teor psicanalítico, ora a apartir de experiências prévias. Os meus vêm de tudo que já vi enquanto fui militar: quem vê cara não vê esquizofrenia; quem vê acidente de trânsito sabe que alguém errou ali.
Na universidade, convivi com 04 esquizofrênicas numa mesma turma - aí você só percebe quando a pessoa tem o seu acesso de mania de perseguição e quando se torna megalomaníaca.
Não tem louco humilde: todos são o próprio Napoleão, têm muitas posses e muitos poderes e sempre algumas vozes contam a eles que eles são deuses...poucos são dóceis e poucos parentes sabem que convivem com pessoas que têm este tipo de patologia.
Loucos de pedra já saíram da moda faz tempo e loucura mesmo as pessoas fazem para obter fama e dinheiro. Se até eu sou louquética, o que mais não podem acontecer, não é? mas louquética é um adjetivo que minha tia inventou e eu gostei, achei a minha cara e nunca fiz questão de ser normal, mesmo. Ah, esta minha tia trabalhou no manicômio daqui de Feira por trocentos anos!então, tem a ver.
Tenho umas amigas desequilibradas tarja-preta e outras esquizofrênicas. A irmã de uma delas teve um surto e subiu na minha casa para se pendurar no fio de alta tensão - esquizofrênica, histérica e criada sob a forte pressão da Igreja Adventista, de uma mãe opressora e de um pai nulo (aproveito e recomendo: se é seu caso, vá ao blog Heresia Loira: vale a pena!). A estrutura familiar fala por si só! aí, tudo bem, tarja-preta para controlar o negócio.
Vou enlouquecer com este ensaio chato que tenho a entregar e que estou apenas na primeira página - motivos para pirar todo dia a gente tem.
Quer enlouquecer um homem na cama? use uma camiseta de candidato a vereador, ponha uma touca na cabeça, daquelas que um dia foram uma meia-calça e vá dormir ao lado dele...ou enlouquece ou morre de susto!

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