Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Tempos terríveis


Eu passei quase 07 anos completos até me decidir por cair fora daquele emprego que me matava. Mas é assim paradoxal: você acha que vive de um emprego que te mata. E foi preciso que os sintomas me pulassem à cara para eu me tocar que aquilo lá me adoecia.
Outros empregos vieram: uns pela escolha deliberada, outros pela necessidade. Quando não estava bom, eu pedia demissão - assim como nos namoros, a gente pede tempo: uma licença, um afastamento, essas coisas, até se decidir pelo fim.
Assim como nos relacionamento amorosos, tem horas em que as coisas vão mal e a gente espera que melhorem...e aí vai apostando, o tempo vai passando, nada sai do lugar...a gente pensa: trocar esse (emprego, namorado) por quem? por qual? e tome-lhe mediocridade a alimentar o que já ruiu.
Claro que dá medo! quem não tem medo do amanhã que atire a primeira pedra. Ainda mais aqueles que são como eu, que sofrem de véspera porque odeiam depender das marés.
Deus me livre de sentar a bunda parada e quieta esperando que o tempo mude.Eu sou agitada, elétrica, hiperativa...odeio estar nas mãos dos outros; odeio não ter alternativas, odeio depender...o que posso fazer por mim, eu faço. E duvido que eu pudesse me escorar em algum amparo, em algum esteio.
Aí vem a sessão dos arrependimentos, pelas oportunidades desperdiçadas, pela falta de lucidez para decidir coerentemente...agora estou moralmente amarrada.
Estou moralmente presa até o final deste semestre, porque eu não deixaria uma responsabilidade por cumprir. Eu, não! sou neurótica o bastante para ser responsável.
Lembrei dos DEUSES QUE SEMPRE FALHAM, texto tão importante dos estudos culturais, mas que de que eu só tomo emprestado o título para explicar que deixei de acreditar nos deuses de carne e osso. Vai que eles não tenham tanto poder quanto arrogam, não é?
E por outro lado, vou afirmar que talvez a grana do meu trabalho, caso chegasse agora, mudaria minha decisão, mas não a minha opinião: odeio mesmo passar 08 horas num ônibus para ir e mais 10 para voltar do trabalho.
Odeio dormir sentada, isso quando durmo;
Odeio ter apenas uma hora entre os meus turnos de trabalho para comer e tomar banho;
Odeio abrir o caminho para futuras varizes e flacidezes devido a estes péssimos hábitos. Olha, dia 14 de junho farão 03 anos dessa vida errada. Não estaria na hora de pôr um ponto final?
Volto à sabedoria de doutora Gilka: "A gente só dura num lugar o tempo em que somos úteis". O meu tempo já chegou.
Não quero voltar a ser a mulher infeliz que trabalha aos sábados, enquanto as outras vão encontrar seus parceiros, vão dançar, vão ficar em paz em suas casas; não quero esses altos preços por um bem-estar fictício...
No momento, as contas vencem, as contas me vencem, o trabalho continua e me ocupa, furtando meu tempo, minha atenção, minha sanidade, jogando com meus desesperos, me fazendo mal, muito mal...
Quem trabalha, geralmente precisa da grana correspondente. Se fosse para estar lisa, preferiria estar quieta em minha casa, estudando para concursos ou para as coisas do doutorado. Posso dizer que agora perco tempo e perco dinheiro.
Eu tenho certeza de que assisti muito mal ao filme Tempos Modernos. Ou, pelo jeito, não aprendi mesmo a lição!

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