Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sem lenço, sem documento



Esta postagem vai aqui por outros motivos, ou seja, desde o meu apreço pela música até o fato de homenagear meio mundo de amigos meus que adoram Caetano Veloso. Contudo, a minha atual atenção passa pelo verso: "Eu tomo uma Coca-Cola/ela pensa em casamento...". Não sei: penso em amor, em política ou nas diferenças de gênero. Acho que penso em tudo porque, no fundo, essa forma particular de sentir as coisas, de se relacionar com as coisas, é o negócio mais besta do mundo, mas ao mesmo tempo é o mais fantástico.
Alegria, alegria passa um pouco de narrativa do cotidiano de um período, seus ídolos e seus ícones("Cardinales bonitas"," Coca-cola","espaçonaves, guerrilhas", " Bomba e Brigitte Bardot")e como diante das mesmas coisas as pessoas percebem tudo diferente ou nem percebem nada.
Pode ser que não ver o óbvio seja somente alienação e ignorância. E pode ser também que as pessoas interpretem as coisas conforme seus parâmetros pessoais, distorçam a realidade para serem mais felizes, repintando a paisagem. Cada um na sua e a vida continua...


Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não?

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...

Ela nem sabe, até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Por que não, por que não?
Por que não, por que não?
Por que não, por que não?
Por que não, por que não?

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