Louquética

Incontinência verbal

domingo, 29 de julho de 2012

Dancei!



Sempre tem um tempo em nossa vida em que a gente acredita mais nos homens, nas pessoas. São tempos de relativa inocência, no sentido de que a gente começa a equacionar a confiança nas pessoas, tratando por amigos aqueles que são amigos dos nossos amigos. Nem sempre isso é verdade.
Decerto, adotei uns amigos de trabalho que jamais foram meus amigos. Por certo, eram amigos de João, ou de Outros, ou nem tanto... Isso foi há muito tempo! Mas tenho cá a mania dos arquivos, da memória.
Dentro do meu e-mail pessoal tenho pastas de e-mails enviados. Umas categorias são engraçadas, são de meus dois amores contrariados: do Ex-Grande Amor da Minha Vida e de C. E estão lá duas pastas especiais: "Amor, súbito rio sem margens" - que eu retirei de um poema do Iderval Miranda; e a outra é Eu amei este Idiota.
Tenho, pois esta mania. Obviamente que tenho uma pasta dedicada aos supostos amigos que me fizeram de idiota, sendo, propriamente, uma pasta Como fui idiota!
Se eu fosse escrever todas as idiotices que eu já fiz na vida, não teria pasta, arquivo ou prateleira que coubesse - tipo acreditar que gente calhorda pudesse ser gente amiga ou achar que tinha gente jogando vinagre na esperança de atrair abelhas. Mas, sim, certas idiotices partilhada, por e-mail, com amigos verdadeiros e inimigos disfarsados são mesmo engraçadas.
Escolhi o que segue abaixo, deixando claro que os falsários a que me refiro não são as pessoas cujos nomes aparecem ou se insinuam no texto a seguir. Mas o conteúdo é todo verídico. Eis a história que contei das coisas passadas numa noite de sábado de maio de 2009. Acrescento, já que citei a data, que realmente o Tempo é o senhor de todas as verdades...enviei isso a gente que é ex-amigo sem nunca ter chegado a ser amigo. Como é que pode?

Disse João Neto a mim, em meus tempos de extrema solidão: "Mara, siga o exemplo cristão e adote em sua vida afetiva o seguinte versículo, retirado João, 6:37 "Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o
que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora".
Pensando assim e somando este conselho aos ensinamentos espirituais de
P.R., grande guia espiritual, amigo e conselheiro,que mui sabiamente disse para que eu ressignificasse meus preconceitos contra certos pretendentes, mudei um pouco minhas convicções e meus hábitos.
Decerto, não era o sujeito desta história que me interessava, mas as possibilidades de esbarrar em outras "possibilidades". Por conta disso, eu estava bobinha em casa, neste sábado, só cuidando de coisa séria (gente, li tantos textos que fiquei com calo nos olhos!) e já ia me recolher ao conforto do meu edredon, quando, perto das onze da noite um coleguinha me ligou, me chamando para sair para dançar.
Em princípio eu disse "não", mas aí fui pensando que aos sábados eu nunca estou em Feira, que nunca saio na noite de minha cidade e que, apesar da chuva o convite era para dançar e valia a pena.
Note-se que o colega em questão foi meu contemporâneo na universidade, mas nosso contato sempre foi superficial. Acabamos nos encontrando na mesma escola, neste ano e estreitando os laços de amizade (eu sei o que vocês pensaram, seus maldosos: laços se estreitando é sinal de outras coisas que estarão se alargando no decorrer da noite. Credo, que povo! Podem suspender os pensamentos aí porque o coleguinha não me
interessava, não. Não bebo cachaça, gente, muito menos Ypiroca de
amigo. KKK!).
E lá fomos nós, à night: eu, ele, Luciana (prima dele) e Cláudio (outro Cláudio, gente, não confundam as personagens ). No trajeto eu estava falando de como eu gostava de dançar e das poucas opções que tínhamos na cidade e blá-bla-blá com este papo de dançar...aí eu falei dos meus vários episódios na night de Porto Seguro, que eu só dancei zouk na minha vida, por lá e mais bla-blá-blá.
De repente, estava todo mundo animado no carro e eles disseram que dançavam na EBADS (Escola Baiana de Dança de Salão, ali na Senhor dos Passos) há pouco tempo e mais bla-bla-blá. Traduzindo: eu estava me metendo a sair com profissionais da dança. Mais tarde eu descobri que o "pouco tempo" deles excedia dois anos de rastapé numa escola de nível como é a EBADS.
Chegamos ao bar. Vou dizer: o repertório do 14 Bis estava uma porcaria (ah, sim: 14 bis o Bar, não a banda), mas tocaram umas poucas músicas legais e lá fui eu, na bagaceira total, animação e doideira (nenhum de nós bebia álcool. Doido sóbrio é uma contradição).
Aí, para minha surpresa, a banda inventou de tocar uma salsa. Gente, pelo amor de Deus, eu não danço nem coentro, quanto mais salsa! E o menino parecia que queria aproveitar a chance de dançar comigo, ou melhor, parece que queria SE APROVEITAR da chance de dançar comigo...e eu lá, toda sem jeito para dançar a dois ...e a banda inventou de tocar mais salsas. Dancei geral! Na empolgação, o colega me jogava
para lá e para cá, depois corria para ir me buscar (KKK!) e se achando correspondido em suas habilidades dançantes, fez uma manobra fantástica - fantástica porque eu não caí - de modo que meu ombro e meu braço direitos estão à mercê da ortopedia e eu não viraria a cara para ninguém, porque meu pescoço fez "croooc!".
Eu torci meu braço!!! Claro que escondi minha cara de luxação, mas está doendo horrores!
Imagine o show de horror porque o salto que eu usava era de cerca de 15 centímetros (gente, eu estou falando do salto!!!) e o solado me fazia escorregar - dando a impressão de que, de fato, eu sabia o que estava fazendo. Todo meu esforço em não me esborrachar foi interpretado como habilidade na dança. KKK!!! Pois é: o pé também
doía. ai, como é difícil manter a pose!
A banda piorou de vez, a gente caiu fora cedinho, perto de duas da manhã.
Como não poderia deixar de ser, o sacana me propôs uma esticadinha na casa dele, com um repertório exclusivo, bem melhor que o do bar.
Imagino o que ele de fato gostaria de esticar, mas não topei.
Nestas horas a criatividade fala alto e, ao chegar na frente da minha casa (eu, ele e cia. Ltda.) o sujeito ficou com a maior cara de cachorro na chuva, inventando pretextos para entrar. Ora essa,imaginem se eu iria topar...
Esta foi a vez dele dançar.
The end.
O referido é verdadeiro e dou fé.
Tenham uma excelente semana - a minha começará com o saldo dos embalos
de sábado à noite, porque meu pescoço está destroçado e meu braço dói
para caramba. Imagine se eu não tivesse feito ioga há muito tempo
atrás?

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