Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

À amiga que um dia foi

Quando éramos próximas sempre nos comparávamos a Thelma and Louise, seja para brincar com nossas próprias aventuras que, tal como no filme, acabariam em tragédia;seja porque discutíamos as coisas que não tinham retrocesso, mas que valiam o preço a pagar. Era coisa de devolvermos as traições que sofríamos ou de lançarmos um amparo recíproco nas horas difíceis.
Foi falando em Beth que eu lembrei de minha amiga-mais-que-irmã, de que também tratamos na conversa desta tarde. Sinto a falta dela. Posso discordar , me exasperar, me revoltar com certas opções, com certos desvarios, posso me irmanar na indignação expressa por outra amiga quando a viu no supermercado e, feliz foi cumprimentá-la, obtendo em troca um desdenhoso "oi!" seguido de um virar de rosto, mas sempre vou lembrar dela como a amiga que ela foi. Minhas saudades são devido àquela pessoa que ela foi e que em meu coração permanecerá inalterada, amada.
É para ela o poema de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernado Pessoa) e foi por ela que escolhi para este post a imagem do filme Thelma and Louise. Mas minha amiga, ali jaz!

Segue teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

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