Louquética

Incontinência verbal

sábado, 8 de dezembro de 2012

Ampla defesa


A gente às vezes diz: “Amigo a gente vê quem é nas horas difíceis!”. É verdade.
Não falo das horas em que a gente precisa de um empréstimo, de um socorro, de uma companhia, de uma mão na roda para resolver as coisas práticas ou de um consolo para as ocasiões de choro. As horas difíceis, às vezes, são as horas que são importantes para nós, para a nossa vida, é a escolha do nome do filho ou o imóvel para comprar, é a mão amiga que nos ajuda a levantar e diz: “segue!”, “segue-me!”; é quem nos acompanha mesmo sabendo que o percurso é árduo, é duro, é demorado. Assim foi que em minha cerimônia de defesa de doutorado vi que os que ali estavam eram parte de minha força, eram um apoio fundamental para que as coisas sucedessem bem, como ocorreu.
Fique muito feliz pelo meu amigo Leonardo Bernardes, por Janna, por Andréa, por João Neto, por Ilmara... E se não fiquei feliz de todo pela presença de Ninno, foi porque ele não estava tão presente quanto poderia parecer, pois saía sempre para se abastecer de álcool. Bom, defesa é um porre, não precisa beber!
Apoio é isso. E mesmo Osmando e Nanno, que não vieram, respectivamente por morar em outro Estado e por estar com a mãe em situação médica delicada, se fizeram presentes, torceram, escreveram, mandaram torpedo... E para um outro tanto de gente, certamente não valeria o desperdício de R$ 0,25 (é, vinte e cinco centavos) para dar uma força ou para me parabenizar.
Sou triplamente grata aos que foram.
Não é fácil encarar uma banca de quatro pessoas, quatro perspectivas diferentes e mil perguntas a responder. Eu contra quatro. A meu favor, a torcida.
Todos ali tinham o que fazer: os trabalhos, os afazeres, a distância (que João Neto encarou, saindo da comemoração direto para a rodoviária), os gastos de tempo e de dinheiro para comparecer e, principalmente, a ajuda técnica de Andréia, para resolver problemas de conexão do computador e água para a banca, pois a universidade é desleixada o bastante para deixar ao Deus dará os convidados. Mas, tudo funcionou!
Cumpri meu doutorado antes do prazo e com a devida responsabilidade, com direito à saia justa de, no intervalo da defesa, deparar com minha bruxíssima ex-orientadora a quem caberia ao Diabo carregar, mas creio que ele estivesse de férias nesta quinta à tarde. Sei é que passei por cima dela, sem boas-tardes ou olá. Acho isso uma vitória: há um tempo eu ainda tinha a deferência com os meus desafetos, nos sentido da saudação civilizada – apesar de muito querer mandar ao inferno e, depois, ter por tais desafetos, suma indiferença.
No íntimo, o riso da vitória: Não adiantou atravancar os meus caminhos! Escrevi, concluí e passei com nota máxima e, de quebra, referendei a impropriedade da perseguição empreendida por ela, pois nada fluiu a favor da calúnia e da injúria. Eu escrevi e o fiz com honestidade intelectual e moral.
Quem é amigo, sabe disso. Sabe que tudo isso agrega outros sentidos de importância ao momento da defesa, quando já nos sentimos bastante sós, em desamparo. Como eu disse antes, só vai mesmo quem gosta da gente; quem é amigo e sabe o sentido do momento.
Demais amigos, exclusos desses momentos, são amigos de férias, de reggae, de festas, a quem prezo a companhia nos momentos alegres, mas daí não passa. E como não poderia deixar de ser, tem os egoístas, cuja única coisa importante para si são suas próprias coisas: não se solidarizam, mas esperam e contam com nossa (minha) presença nos momentos em que somos úteis ou convenientes. Reconheço, porém, que excluí um bando de gente, principalmente de minha família. Deixemos, porém, disso: missão cumprida! E que Deus abra os meus caminhos para outras conquistas que pretendo dividir com os amigos reais.

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