Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 14 de março de 2013

Os próximos estranhos


Está lá na minha página do Facebook que eu procuro pela 'tampa da minha panela' e mais recentemente, pela "outra metade da minha laranja" ironicamente desejando que venha espremida e com vodka. Essas expressões "tampa da panela" e 'metade da laranja' se referem ao par, ao amor, aos namorados.
Dos poucos homens morenos que gosto, Jakob Dylan é o topo da lista. Durante um tempo grande eu achava que ele era mesmo o homem mais bonito do mundo...Mudam os tempos, mudam os homens, mudam nossas percepções, mas a admiração estética não muda. Na vida real, uma tampa dessas para a minha panela iria enfeitar a cozinha da minha vida!
Nessas buscas, que na verdade são esperas - não ando atrás de um namorado, não busco ninguém, mas espero que pinte, que apareça, é claro. Isso quer dizer que quem quer companhia deve se expor às situações que propiciem os encontros. E eu, que já gosto de sair, especialment ena snoites de sábado, sempre espero que pinte. Mas, lembrei de Bauman, que diz que:
Na clássica definição de Richard Sennett, uma cidade é “um assentamento humano em que estranhos têm chance de se encontrar.”
Isso significa que estranhos têm chances de se encontrar em sua condição de estranhos, saindo como estranhos do encontro casual que termina de maneira tão abrupta quanto começou. Os estranhos se encontram numa maneira adequada a estranhos; um encontro de estranhos é diferente de um encontro de parentes, amigos ou conhecidos – parece, por comparação, um “desencontro”. (BAUMAN,2001, p. 111)

E é nessas horas que eu muito lamento os exercícios de leitura, apesar de soar cabotino, arrogante, uma vez que dizem por aí que esse negócio de leitura é hábito burguês - melhor não ler, para não ofender aos mais sensíveis.
Estamos nos tempos dos desencontros e da incapacidade de assumir sentimentos. Todos! Não se pode odiar nada nem ninguém em paz porque odiar é feio; não se pode ter rancor, porque rancor é palavra forte, sentimento baixo; não se pode sequer discordar da maioria, sob o risco de linchamento! E se o amor, sublime amor, parece tão sublime, está difícil de as pessoas se abrirem a ele sem lhes restar a sensação de estarem sendo anacrônicas, otárias ou dominadas.
Há os dias em que me importo menos com essas coisas e talvez esses momentos sejam quando a vida está mais alegre, quando tenho outras coisas a fazer e quando, admitidamente,me distraio com os sujeitos que creio serem apenas para causar distrações. Não vai aqui nenhuma conotação sexual, porque gosto de companhias alegres - vão dizer que P.A. e HDM, mas não são, não...Quer dizer, não necessariamente.
Bem, mas voltando a Bauman,é estranho os estranhos se portarem sempre como estranhos e os desencontros são simples efeitos das distâncias que criamos e colocamos na vida, a fim de evitar a exposição exagerada às coisas incertas - segurança pessoal, eu diria.
A cidade em que moro é um assentamento de estranhos. Hoje até encontrei alguém que me olhou com cumplicidade num contexto social em que ele, bem mais novo que eu, me dizia:"Estamos neste lugar, com muitas pessoas diferentes de nós. Mas nos somos iguais um ao outro!" E como eu tenho ego, ah, deixa vir!Eu falo com estranhos!

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