Louquética

Incontinência verbal

sábado, 2 de março de 2013

Só nos resta rir...


Recentemente fui a um lugar neste planeta apenas para perder tempo e dinheiro. Digo isso porque me antecipei em um dia em relação ao compromisso, me cerquei de informações e dicas que me levassem a agilizar a estada na cidade e tudo estava errado, tudo deu errado e de tal experiência só posso dizer que dormi numa pocilga, tão pocilga que o colchão quase me morde. Pocilga mesmo, embora levasse o nome de hotel e tivesse preço de gente grande.
Pocilga é algo tipo chuveiro frio, cotonete usado na mesa de cabeceira, pouca ventilação, serviço de quarto inexistente, fumantes nos corredores, barulhos na madrugada e tudo em ambiente familiar, pretensamente. Coisas próprias daquele Estado aqui pertinho – melhor declarar o nome! Mas não vai dar, hoje estou covarde!
Nada era onde disseram que seria. Acordei sem ter dormido. Encarei o trânsito da “Capital da qualidade de vida no Nordeste” e tudo deu errado.
Não me estressei. Vi que não dava, desisti, dei o tempo até ter como voltar para casa nas seis horas de viagem entre lá e cá.
Mas eu fiquei pensando que às vezes já me deixei convencer que tudo tem uma função na vida, oxalá nas relações de causa e efeito nem sempre haja o acaso, as coisas deveriam ter uma razão de ser. Não tinham: fui lá apenas perder tempo e dinheiro. Salvo, é claro, se Deus resolveu incrementar nos castigos a mim impingidos ou descontar com juros uma imensa parcela de minhas dívidas espirituais e pecados em geral. Penso estupidamente: “Que porra que Foi que eu vim fazer aqui?”.
Mas se não for castigo, pode ser que seja o Divino querendo me dizer: “Nunca mais vá àquele lugar! Nunca mais!”. Às vezes faço promessas que esqueço de cumprir, devido ao tempo. Será que prometi nunca mais voltar lá e, nos lapsos de memória, traí o prometido? Sei é que decidi: mais uma água da qual eu nunca mais beberei. Lá eu não vou nunca mais.
E passando às coisas cotidianas, minha amiga me falou, há pouco: “Descobri que não se pode ficar em casa num fim de semana!” – Opa! Somos duas com a mesma opinião. Comungamos da mesma convicção. Exceto, claro, quando o humor não dá e o dinheiro não colabora, vale a pena sair. Meu problema é não saber sair para ficar paradinha numa cadeira, contemplativamente, vendo a noite passar. Sair só é bom quando posso dançar. Estou me referindo às saídas noturnas, porque também sou feliz em passeios bucólicos, em praias, em recreações deste tipo. Porém, a noite é para dançar.
Já citei a velha avó de Leila, aqui, uma vez: “Cocada que não sai, não vende!” e mesmo repetindo que não se deve ir à festa procurar marido, há uma probabilidade maior de haver encontros e outras situações caso a pessoa saia de casa. A menos quando o acaso resolve intervir e coloca à nossa porta um amigo interessante de nossa amiga que veio nos visitar; quando um gato erra o endereço que está procurando; quando um lindo desconhecido bate à nossa porta. Contudo, as probabilidades de coisas assim acontecerem, são abaixo de zero, na ordem de -0,5% de chances de ocorrer.
Saímos para buscar diversão e se os homens se incluírem na diversão, melhor ainda. Caso contrário, dançamos e conversamos e o melhor é ter o outro dia para os comentários, para almoçar na casa alheia e prolongar o lazer.
Pode ser que nada tenha sentido ou causa pré-definida, apesar de a gente procurar tanto. Alguns falam em graça e esquecem a gratuidade de alguns eventos, a gratuidade da vida, as coisas que acontecem de graça, sem script e sem sequência também e as outras que se tornam o ‘filme que deu origem à série’, permanecem, ou viram trilogia, sei lá... Tem dias em que essa imprecisão toda me encanta (e de novo vem minha implicação contra as cartomantes: Deixem a vida acontecer! Deixem o futuro chegar, não vão lá acordar o coitado, apressar o coitado, puxar o consulente do presente para cima do futuro, antecipando ansiedades. Que povo chato!) – “Vida, doce mistério!”.

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