Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 29 de março de 2013

Sete chaves


Nesta sexta-feira da Paixão em que o povo baiano se junta para encher a pança de vatapá, beber, pegar um sol e depois lembrar de Cristo, acordei às seis e meia da manhã. De hipocrisia eu não morro: odeio acordar cedo. Digo lá como os posts do Facebook, que ‘É melhor acordar arrependido a ter que acordar cedo’. E acordei cedo porque a péssima companhia que aqui estava acordou cedo e com fogo noku no espírito para sair por aí para tomar café, porque tinha que ser um cardápio específico. Sei lá, aquele cara parece mulher grávida!
Além de lastimar o fato de ter acordado cedo e do dia ter tido um sol instável (e, portanto traiçoeiro das minhas intenções de bronzeamento seja lá onde for), às nove e meia da manhã minha tia me ligou, avisando que viria me visitar e ficar aqui em casa. Oh, shit!!!Eu ia tomar sol lendo os meus livros obrigatórios, relaxada, sem ver um cristão hoje, exceto quando eu fosse ali comprar ração de gato. Comecei uma operação de escamoteamento, ocultação e disfarce de meu acervo pessoal: é um tal de entocar material de sexshop, minhas pornografias particulares, fotos, diários, bilhetes e souvenires de todo tipo porque minha tia escrutina minha casa.
Nunca me esqueço do dia em que a larguei por aqui, na maior confiança, achando que eu nada tinha a esconder, já que na época eu era tão livre, independente e solteira quanto hoje... E ao voltar, eis a minha tia a me inquirir sobre umas fotos minhas com Dexter. Essas mesmas fotos que em 2007 foram rasgadas, queimadas e cujos negativos (sim, eram de filme) foram carbonizados pelo meu ex-namorado, o Energúmeno, o Pitbull Problemático, que teve ciúme do meu passado.
Digo ainda que comprei um metro de tecido branco e grosso, coloquei as fotos dentro, dobradas, tudo disfarçado e posto com as roupas de cama que deixo no guarda-roupa, peça dentro da peça, discreto e bem-escondido... E estes dois predadores (minha tia e meu ex) vasculharam minha casa e encontraram.
As fotos foram tiradas pela Minha Amiga Mais Que Irmã, quando eu e ele estávamos acordando. Eu amava as fotos! Ainda penso no tamanho do desrespeito à minha privacidade: o que é que minha tia tem a ver com isso? Advém daí meu pavor com fotos em computadores: se reveladas e escondidas, as fotos são capturadas por este povo, imagine se eu tivesse algo do tipo no computador? Bem, não tenho!
Concluí que para lidar com a minha tia, enquanto não tenho cofres, a saída é esta, é esconder tudo e disfarçar.
Tenho um bando de objetos com fundos falsos. Ninguém nunca desconfiou porque tenho tantos porta-joias, se não tenho joias: o fundo destes objetos vem com uma espuma escura, tem forros e coberturas onde eu guardo, por exemplo, uma certa lembrança engraçada, da minha primeira vez com o Ex-Grande Amor da Minha Vida, além de outras lembranças do dia em que eu fiz uma coisa que eu não vou contar aqui... E até um objeto esquecido por FJ, em meu quarto, está devidamente guardado num outro fundo falso. Não há nada demais nessas coisas, mas é minha vida e ela eu só divido com quem eu quero. Decidi jamais dividir com ninguém. É meu!
E enquanto a minha tia não chega, aproveito para escrever aqui – detalhe: minha família não sabe que eu escrevo nada em lugar algum; o povo que trabalhou comigo no quartel, também nunca soube que escrevo; aliás, tem muita coisa que meus amigos ignoram sobre mim... Todo mundo tem segredos!

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