Louquética

Incontinência verbal

domingo, 1 de setembro de 2013

Scambo e outras trocas




Ontem, já bem tarde, perto da meia-noite, resolvi sair de casa.
Não planejei ir a show algum porque desconhecia que houvesse algo que valesse a pena. Até saí de manhã e comprei dois DVDs de comédia, já pesando que a noite seria quente: no edredom, claro!
E Zero Único combinou outras coisas caseiras comigo. Acontece, contudo, que o miserável descumpriu a parte dele, chegou tarde e eu fiquei puta revoltada, porque afinal, antes de vir ao meu encontro, ele se divertiu, ficou de role com os amigos e se atrasou demais por isso. E me veio com uma cara cínica a tapar o sol com a peneira.
Acabei assistindo ao filme sozinha mesmo, pois ele já chegou com sono.
Decidi sair porque não quis repetir mais um sábado besta em casa. E horas antes da chegada dele, vi na internet que haveria show do Scambo - e todo mundo sabe como eu sou fã dos  caras.
Fui. Poucas caras conhecidas, exceto meu povo da velha guarda e meu colega de universidade, que faz parte da banda que tocou anteriormente, o que se pode traduzir numas seis pessoas conhecidas.
Não chamei ninguém, não liguei  para implorar companhia e sabia que ouviria das amigas e dos amigos os velhos pretextos (estou sem grana, esta frio, estou com sono e etc. que na verdade pode também ser traduzido por não gosto de rock and roll e não gosto de sair `a noite). Olha, tem um negócio nisso, na verdade, que eu já disse várias vezes aqui: Cansei , há muito tempo, desse povo múmia, desse povo egoísta a quem a gente acompanha em programas malucos, em viagens do interesse apenas deles,a comemorações particulares deles e prazerosas apenas para eles, mas que a gente comparece por consideração, cansei desse povo intolerante com o momento nosso, pois vivem apenas para os próprios umbigos. Faz tempo que saio sozinha. Larguei dessa prática  quando achei que estava me enturmando por aqui. Depois vi que eu ficava muito limitada, que as pessoas me deixavam esperando feito uma idiota e que com o passar das horas eu acabava nem indo onde eu queria ir. E larguei de mão. Larguei de pedir, de convidar e larguei a amizade parcial e fútil. Ficava parecendo que sair comigo era um favor. Voltei a sair sozinha, bem acompanhada por mim mesma ou, nas raras oportunidades possíveis, saio com os amigos realmente amigos, os de longa data, que sequer moram aqui em Feira. Eles, sim, comparecem aos eventos que sabem que são importantes para cada um de nos. 
Gostei de ouvir, como sempre, a Scambo cantar Muito romântico, de Caetano Veloso, mas desta vez confesso que a interpretação dada a música do Gozaguinha roubou a cena no repertório da banda. Deliciosamente cantada, de tal forma que somente desta banda é que posso dizer que as releituras fazem sentido, porque dão uma roupa nova a música, destoando dessas sem-gracices e lugares-comuns que os intérpretes de hoje em dia fazem sob o rótulo de releitura. Valeu a noite, a banda, o som, valeu tudo - até as bolhas nos meus pés e o sono de agora, que é a continuação da noite de ontem.
Eu gosto quando 'ocê
Dá o que eu gosto,
Quando 'ocê faz o que eu gosto
Quando 'ocê faz o que eu faço
E 'ocê...

Cê gosta quando eu
Dou o que cê gosta,
Quando eu
Faço o que cê gosta.
Quando eu faço o que cê faz e eu...

Vira eu vira maluco,
Vira eu, vira um doido
Vira eu
Vira que eu gosto de virar 'ocê
Me mata,
Mata 'ocê
A gente nasce todo dia é
Pra viver melhor!

Composição de Gonzaguinha, cantada pela banda Scambo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário