Louquética

Incontinência verbal

domingo, 4 de julho de 2010

Arquitetando planos


Está vendo que não é uma abstração o fato de eu afirmar que nós confundimos as vitórias dos nossos amigos com as nossas próprias vitórias?
Um dia, Héber, você acreditou em mim mais do que eu poderia acreditar.
Com a sua ajuda, o tempo passou e as coisas que você disse se confirmaram como uma profecia.
Eu sempre achei que você me deu bem mais do que eu poderia retribuir...vocês sabem que relação eu tenho com as minhas dívidas morais - sou eternamente grata por tudo. Até com quem não é mais meu amigo, eu sou grata se houver pelo que agradecer;imagine para os verdadeiros amigos.
Então você me dizia que minha casa era atemporal, que ficar comigo ali no sofá parava todo o tempo...e a gente conversava sobre uma porção de coisas importantes, desdenhava da frieza da humanidade, ria de gente ridícula, ria quando éramos nós os ridículos, ríamos da forma como você tratou um certo namorado seu; ríamos da cara ingênua de choque quando seu pai lhe surpreendeu em situação delicada com seu namorado no quintal de sua casa; ríamos de uma série de coisas além de rirmos de nós mesmos.
O quanto a gente se lastimou, chorou, reclamou, se ofendeu, não merece uma página, já está impresso na memória daquilo que nos faz ser o que somos.
Lembra do Bar dos Fracassados? nunca mais fui lá, ainda bem!
Meu amigo você é genial.
Não foi seu primeiro lugar em Matemática, nem o seu primeiro lugar em Física, nem seu primeiro lugar em Arquitetura que te fizeram ser reconhecido como um cara genial, mas o conjunto da obra.
Você lembra? éramos a turma dos nerds desajustados que se juntava na Biblioteca Municipal para estudar para o vestibular e, de vez em quando, ouvir rock and roll aos sábados...aí debandamos, cada um com sua crise existencial; depois todo mundo entrou na UEFS - uns hoje, outros amanhã...então uns largaram os seus cursos, outros ficaram pulando, tantos ficaram encantados com as teorias dos marxismo, outros largaram o Espiritismo, outros se tornaram ortodoxos...
Vivemos intensamente, não foi?
Nossa crise era crise mesmo;nossas doideiras erma doideiras mesmo; nossos desencantos, idem: a universidade foi um passo significativo em nossa existência...
Hoje estou feliz por te ver encantado com o seu curso.
Estou feliz por julgar que você está com gás suficiente para concluir seu curso, para encarar seus projetos, para não temer seus desejos (você dizia isso de mim e para mim...ah, que idiota eu fui por não ter te ouvido antes!).
Confundo suas vitórias com as minhas, da mesma forma que você o faz comigo.
Nunca mais me diga: "Obrigado por você ter ligado para mim!". Não estou te fazendo um favor!
É um prazer falar com você.
Nos meses que a gente fica sem se falar, nem por isso eu deixo de me importar com você. E se você não vem aqui em casa, eu não penso que seja por desamor.
Então, menino, eu também reparo que é a mídia quem aciona as emoções das pessoas, que determina o momento de ser patriótico,de ser solidário, de chorar, de rir, de ter lazer...concordo com você.
No reveillon deste ano pensei muito em você, pensei que eu estava no mesmo patamar que você, olhando aquele povo todo forjando uma felicidade obrigatória - eu paguei pela minha, esperando ser diferente de estar em casa, mas é tudo muito artificial, Héber.
Eu não estava triste, mas não vi nada exatamente de divertido.
Você sabe, não gosto de festa sem música, de churrasco sem carne, de suruba sem sexo...e o povo acha que diversão é isso, é aquele negócio da Confraternização obrigatória de fim de ano e aquelas porcarias todas que a gente despreza até hoje e sai com o nome de antipáticos.
E quanto à paisagem das Cidades, eu fiz um capítulo de minha dissertação sobre isso. Olha que coincidência! incluindo aí à personalização do mercado e a competitividade como mote em todos os aspectos que a gente conversou. Boa mera coincidência.
Desejo que você edifique muitas coisas, que assuma seus desejos, que ouse mudar, que tenha coragem e que saiba que o sofá estará sempre ali te esperando ( entenda, o sofá, but not so far from me, honey!), de forma atemporal, para aquelas noites de sábado em que o melhor programa é ficar conversando.
Eu sabia que você ainda iria construir muitas coisas nessa vida (só não sabia que iam ser casas!rss!!!).

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