Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 20 de julho de 2010

O novo sempre vem!


Minha super amiga, hoje, finalmente, descobriu sua questão neurótica. Poxa, isto é incrível! fiquei realmente feliz pela descoberta dela.
Minha sessão de análise foi antes da sessão dela e eu devo dizer: saí pisoteada, maltratada, destruída, desolada!!!é que os meus preconceitos vieram à tona. Preconceitos que exerço contra mim mesma.
Deixa eu dizer uma coisa profunda e inteligente, uma verdadeira pérola que irá mudar os rumos da Filosofia contemporânea: Introjeção é tudo aquilo que a gente põe para dentro, que incorpora, sabe? (estou rindo da brincadeira, do óbvio, da besteira e da loucura...mais profundo que isso, só o umbigo de Íris). E deixando a brincadeira de lado, vi que introjetei uns preconceitos, uns valores masculinos e machistas strictu sensu e a sessão de psicanálise me nocauteou.
Sério: essa minha postura contra meus relacionamentos com os homens mais novos só me mostrou o quanto eu sou ignorante, néscia, machista, tendenciosa...
Esse negócio de não querer rolo com aluno, tudo bem: sou respaldada pela Ética e, sinto muito, não é por querer, mas eu acho feio, triste, execrável pegar, ficar, transar, sei lá, com alunos (se for comigo, claro. Com os outros tudo é permitido, tudo é normal!). Não tenho intenções de mudar porque profissionalmente não gosto de misturar as estações, acho um jogo sujo, acho a outra parte (o aluno) mais frágil, suscetível a se deslumbrar com o personagem-professor e sua imagem de poder, esses baratos do imaginário.
E o preço moral que se paga após todo mundo ficar sabendo, Deus me livre!
Ah, claro, e meu ambiente de trabalho, isto é, a área de Letras e de Educação, não favoreceria relacionamentos heterossexuais: quase não há homens do sexo masculino (sic! hum-hum!!!).
Mas, então,as vozes críticas e censoras dos meus amigos, os possíveis preconceitos que eu sofreria, as piadinhas e as grosserias que eu ouviria quando estivesse em público com um namorado mais novo, me impediram de assumir namoros e desejos.
Na verdade, lastimo muito por ter sido tão idiota com Lucius, por exemplo: ele era lindo, inteligente, maduro, interessante...mas eu pesei a situação e acabei mesmo antes de tentar.
E assim foi com Vinícius,com Nicholas, com Fau, com Leandro, com o próprio Bruno, até agora...pensei que me chamariam de papa-anjo, pensei que eu poderia ser explorada financeiramente por outros que não estes citados,pensei na resistência das famílias, escrutinei defeitos neles, desconsiderei cada um como homem e como pretendente e fiz umas coisas realmente ridículas.
Saí nocauteada e apóio aos medrosos: olhe, você que tem medo de análise; você que subestima os benefícios de verbalizar traumas e problemas, você está certo (a). Esse negócio pode ser doloroso, cruel, trabalhoso...fala sério, é como se olhar no espelho num daqueles dias em que nossa aparência não está realmente bem e que o mundo está contra nós.
Minha questão neurótica eu já domino há tempos - quer dizer, não domino, mas conheço, reconheço e processo. Sou uma pessoa de enfrentamento porque tenho medo de ser dominada pelos meus medos...nem sei como pude ignorar esses outros medos que a minha rejeição ao caso revelaram.
Não vou mudar da noite para o dia.
Ninguém me mandou mudar nada, essa é uma necessidade minha, uma vez que reconheci meu problema.
Quero ver quando é que vou deixar de me referir a Bruno como o sujeitos super-bem-mais-novo que eu!explícito indicativo de meu preconceito.
Pelo menos Tatiana acabou de passar por cima do meu cadáver, de chutar o que sobrou de mim após a psicanálise, dizendo: "Bem feito! bem feito!, miserável preconceituosa!" e após muitos "tá vendo?" e vários "eu não disse?", finalmente ela jogou na minha cara as tais questões de tensão sexual - e foi buscar episódios de minha estada em São Paulo e em Campinas para acabar de comprovar a própria tese.
Como eu estou na minha, quietinha, é o acaso quem empurra os caras em meu caminho, porque eu sou tímida. Se eles não tomarem a iniciativa, nada acontece! Mas os amigos maldosos acham que eu "respeito os velhos (,) COMO os novos!".
Por vergonha desses comentários e pelas impressões que eles têm, corro dos mais novos, sempre - e não é para cima deles!
E ainda esquecem que eu já fui enganada, porque se o cara tem aparência de mais velho, se tem uma altura absurda, eu não tenho como mensurar a idade, não é minha culpa, não é uma escolha deliberada.
Vejam bem o panorama:Os da minha idade estão casados e poucos têm o ímpeto da iniciativa. E se estão solteiros, são complicados, indecisos, cheios de ex-mulheres, de filhos, de vícios...
Poucos homens mais velhos que eu são seguros ou disponíveis.
E caquéticos é que eu não quero: tenho o fogo do Juízo Final para dançar, para sair, para estar em atividade...não aguento os sedentários...
Ah, que paradoxo chato! eu não poderia ser descomplicada e apenas curtir as coisas, sem ficar aludindo a aritméticas etárias?

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