Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Crônicas cariocas, parte II


Nesta segunda-feira, dia 02 de agosto, segundo dia da nossa estada no Rio, fomos tomar café no bendito hotel e demos de cara com uns desavisados iguais a nós que estavam perplexos com a nata da maladragem que também estava circulando por ali.
Diz o ditado que "Em Roma, como os romanos" e, por isso, a gente tenta se adaptar e vencer a tendência a acreditar nos estereótipos.
Pulando as teorias sócio-antropológicas, saimos todas para comprar cadeados para nossas malas - eu tinha levado, porque sou pessimista mesmo, sabe? e lá fomos nós ao conhecidíssimo Saara.
Esse famoso Saara nada mais é que um Feiraguai, com os mesmos preços, os mesmos produtos, os mesmos camelôs, mas com sotaques diferentes.
Bem, nordestino se deslumbra com isso e eu não entendo por que. Talvez porque eu tenha um Feiraguai por aqui isso não me impressiona. Ah, e o que é pior, minhas amadas bolsas falsificadas são vendidas a preços de gente grande, na base dos 100 reais acima!
Fomos à Rua do Ouvidor e, decepcionando Machado de Assis, nos metemos nas lojas e esquecemos a Literatura.
Compramos até algumas coisas, mas não há nada barato no Rio.
Na volta fomos seguidas por um ladrão. Dado o alerta de uma para outra, deixamos o sujeito desconsertado e ele foi se ocupar com a bolsa de uma loira que passava por ali.
Ficamos olhando a malandragem institucionalizada; desde o malandrão que finge que está te dando uma imagem de santo, na porta da Igreja católica, te pede colaboração e leva até seu último centavo, até àqueles galanteadores de calçada, conforme falava Luís Fernando Veríssimo, no seu Analista de Bagé. Não só os galanteadores de calçada, mas o ladrões da calçada, em seus postos.
Ficamos perambulando e deambulando pelo Centro do Rio e perdemos a hora do almoço e a hora do credenciamento lá em Niterói.
Atrasadas, voltamos ao hotel para deixar as compras, tomar banho e etc e seguimos rumo à balsa.
Finalmente pegamos um táxi dirigido por mulher: excelente e honesta motorista, devo frisar.
Ela riu de estar no carro com quatro mulheres.
Brincando, ofereceu, já no trânsito, metade nós ao colega motorista de táxi. Ele, biba assumida, falou: "Nooooooooooossa, mona, deu me livre!". E todas nós rimos!
Táxi no Rio de Janeiro é barato mesmo!
Barato de verdade, mais barato que Feira, Salvador, Xique-Xique, Aracaju ou São Paulo. Se vai a muitos lugares no Rio por menos de dez reais! aleluia!
Bem, eis a barca para Niterói.
Quem não sabe que eu morro de medo do mar, das águas profundas?
A rampa de acesso oscila, sobe e desce e isso me deixou super tonta.
Admiti que para quem não toma licor, aquela era uma simulação muito desagradável da bebedeira.
A vista é linda, principalmente a Ilha das Cobras - ah, sim, custam R$ 2,80 para a travessia. De todo o canto se vê o Cristo Redentor e as várias montanhas que se formam em torno do Rio de Janeiro.
Não sou de ter medos apavorantes. Meus medos são dentro de uma normalidade do medo, não vou gritar, suar frio, dar chiliques, mas é certo que se fico tonta preciso deum ombro amigo, de uma mão amiga e de qualquer apoio amigo que evite que eu me esborrache no chão, principalmente nos lugares em que não há chão.
Oh, meu São Caetano Veloso, "Terra para o pé, fimeza; terra para a mão, carícia!", por que sempre me lembro de ti?
Então, atravessei. Atravessamos.
Marluce tem mania de fotos: haja fotos, até dos mosquitos da orla.
Seguimos para a UFF e o credenciamento já era. Oh, que frustração: só na manhã seguinte se faria isso de novo.
Então partimos no ônibus cedido pela UFF para o Auditória do Museu Niemeyer, ver a abertura do evento com meu admirável Hugo Achúgar e o chetésimo Silviano Santiago.
Um bambambam sentou ao meu lado, no ônibus e confirmou suas péssimas impressões sobre o desonesto ( e feio) povo carioca. Ele é bambambam da UFMG, mas eu só soube com quem eu estava falando um tempo depois.
Na conferência, Hugo Achugar brilhou. E como mais poderia ser?
Silviano Santiago foi repetitivo.
Por causa de Marla, depois da conferência, fomos tietar quem merece e eu pude tirar minha foto com Achugar e dizer algumas gracinhas àquele fofo vovô, tão inteligente, gentil,seguro.
O antipático Silviano Santiago, mal humorado e metido a celebridade, quase não tira a foto com Marla e ainda esnobou: "aproveita que eu estou sorrindo!"- enfim, de perto bem pior do que a fama dele credita na conta dos seus inóspitos comportamentos.
Na noite de segunda-feira, nada nos seduziu: ficamos pela Lapa para jantar, driblamos os travestis, ignoramos as putas e fomos para o hotel onde os malandros novamente se multiplicavam na porta.
Cogitamos cair fora daquela porcaria o quanto antes.
Esta foto é do Museu Niemayer, onde assistimos às conferências de abertura - o mais bonito dali, na verdade, é a natureza, é o pôr-do-sol: espetacular!
(Be continued)

2 comentários:

  1. Adorei os seus posts sobre o Rio, estou morando na "cidade maravilhosa" desde dezembro, mas ainda bem que em julho volto para a terrinha. Enfim, só para dizer que me identifiquei com seus relatos.

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    1. Agradeço pelo comentário e fico surpresa pela convergência de nossa opinião. Abraços!

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