Louquética

Incontinência verbal

sábado, 14 de agosto de 2010

Era uma vez... ( versão II)


O que seria de nós sem um pouco de fantasia e de imaginação!
Fiquei pensando na construção do imaginário feminino. Será que dá para fugir dele?
Nos contos de fadas, as moças esperam um salvador, um esteio, um apoio, um final feliz e, melhor dizendo, um "felizes para sempre."
Sempre que eu falo em sempre me dá um medo: é muito tempo! talvez por isso, só poderia habitar o reino das fantasias.
Na estrutura psíquica comum das mulheres prevalece a neurose histérica.
Este termo foi muito deturpado com o passar dos anos, mas hoje em dia já é possível vislumbrar o que ele guarda de verdadeiro sobre nós, mulheres.
Algumas vezes pagamos preços altos para sanar as necessidades impostas por esta estrutura - e aí é que você entende porque tem tanta mulher que se prende a relacionamentos fracassados, por que se deixam ficar à espera de mudanças e melhoras improváveis, porque permanecem em relacionamentos mornos e instisfatórios, porque fingem não ver defeitos nem ver seus próprio sofrimento. Cada um rompe o vínculo quando se acha capaz, mas a maioria mantém o laço (e cá entre nós, é com ele que se enforcam!).
Há uma piadinha corrente entre as minhas amigas casadas: elas contam que o filho pequenininho perguntou: "Mãe, o que é um orgasmo?" e a mãe respondeu: "Não sei, pergunte ao seu pai!".
Está dito nas entrelinhas.
Não é preciso listinhas com fatores que detonam relacionamentos em geral e casamentos em especial, mas eu arrisco a apontar os que são mais recorrentes, claro, medindo a vida a partir do meu umbigo - que , por sinal, é igual ao umbigo de muita gente (exceto pelo fato de que eu nunca fui casada, o que pode me conferir apenas um umbigo menos fundo, tá?):
1) Incompatibilidade sexual (base número Um de minhas separações)
2) Relacionamentos competitivos, em que uma das partes (leia-se, eles)fica igual a criança, concorrendo, vendo quem tem mais, quem faz mais, quem é o melhor, quem tem o maior (Ôpa!!!), etc;
3)Modelos culturais em conflito (gente preconceituosa que se relaciona com gente liberal e outras situações semelhantes, que levam a um choque absurdo, que põe em xeque a noção de que os oposto se atraem - se se atraem é em rota de colisão!bateu, quebrou, estourou e pronto!)
4) Indiferença e "panos quentes" diante dos problemas: se tem que brigar, briguem; se têm que discutir a relação, qual é o problema? embaixo do tapete já tem muita coisa, povo!eu não aguento isso de fingir que está tudo bem ou o esvaziamento do discurso da parte reclamante.
5) Grana: dinheiro é bom e cada um que cuide do seu, sem atravessar a linha imaginária que divide os patrimônios financeiros.
6)Ciúmes tóxicos: desde quando alguém pertence a a outro alguém? isso é metáfora, gente. Os desejos não cabem num relacionamento e nem acabam nele ou com ele. Salvo se você namorar ou casar com uma múmia.
7)Imperatividade: Ôpa, manifesta-se agora o meu maior problema - além de hiperativa sou imperativa. Caso também de Jota Neto,"meu querido" Rei Julien de Madagascar.
Sejamos francos: não é todo mundo que aguenta imposições e controles.
8)Imobilidade: casou, morreu. Matrimônio e infortúnio, palavras que rimam tristemente.
A vida não deve parar por que encontramos alguém que é tudo que queríamos.
Podem acreditar no ditado popularíssimo que diz que o amor é uma flor para ser cuidada todos os dias.
Se você relaxar, se ficar desleixado (a), já era! tem que cuidar de si e cuidar do outro porque sem reciprocidade e sem a boa vaidade, já era.
9) Descuido com a etiqueta: não me refiro à etiqueta de grife, baby, mas intimidade é uma coisa e grosseria é outra.
Que coisa feia é expor as excrescências humanas ao parceiro! ele (a) sabe que você é humano, que vai ao banheiro, que tem cera nos ouvidos e secreções e glândulas sebáceas. Logo, é desnecessário e de péssimo gosto fazer necessidades fisiológicas em frente ao parceiro (a).
E não é porque conquistou a pessoa, que vai se descuidar da higiene. Banho já!
10)Família: êta troço que complica os relacionamentos! Noooooooooooossa!
11)Diferenças religiosas: Repito: Fé demais, não cheira bem.
Oxalá, Krishna, Buda, Javeh, Tupã, Cristo ou seja lá quem for que oriente a sua fé, tenha paciência com quem pensa diferente. Quem garante que você está certo (a)? só você está certo (a)? já viu que aí está um prato cheio para brigas e violências simbólicas. Vá converter outro, mano! estou fora!
12)Anseios profissionais e acadêmicos: é, nunca é tarde para dar vazão aos estudos e à carreira. Quem não se relacionam bem com isso, está fadado a criar caso e fazer ruir relacionamentos.
13)Maternidade: quem quer vai, quem não quer deve ser respeitada - é o meu caso. Aviso logo de cara: não quero filhos. Boa sorte para quem quer! e se isso for intolerável para alguns, fiquem aí com suas convicções e me deixe pagar minhas contas em paz.
14)Falta de bom humor: quem aguenta essas pessoas com eternas caras de dor-de-barriga?sem bom humor, sem sagacidade sadia, os relacionamentos literalmente perdem a graça.
15) Lazer: pobre que se preza, na hora da crise elege o lazer como o primeiro item a ser cortado da lista das prioridades. Aí lascou a Bahia (e um pedaço de Sergipe!).
Como podemos viver sem lazer, sem cultura, sem uma saidinha esporádica para jantar, para ver filmes, ir à praia? não tem amor que resista ao confinamento no lar.
Essas são as minhas teses.
Depois de limpar as gavetas da minha memória e os armários dos meus relacionamentos repetitivos estou me sentindo super bem, em paz.
Acho que, de novo, me favorece o bem-estar por estar em minha casa, por poder optar em descansar e sair perto da meia-noite para dançar e para ver gente, ou me trancanfiar gostosamente em meu quarto. Isso denota o item que mais prezo: a independência.

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