Louquética

Incontinência verbal

domingo, 8 de agosto de 2010

Crônicas cariocas, parte I


No meu primeiro dia desta temporada no Rio de Janeiro, me deixei enganar pelas ilusões e "photoshopadas" que a internet proporciona aos otários e pelo benevolentes comentários de meu amigo Jota Neto, que me recomendou o Hotel Carioca como lugar legal.
De cara, minhas amigas e eu estranhamos os vários marginais agrupados na frente do hotel.
Olha, gente, frente é frente mesmo, tipo assim: porta, escadaria, portaria, se alguém tiver dúvidas!
Fora isso, as categorias descritas como Luxo e Superior eram risíveis quartinhos com um banheiro minúsculo, com vazamentos na descarga e no chuveiro, com ventiladores de 06 décadas atrás e com ar-condicionado incapaz de caber em qualquer descrição.
Ainda nesta noite do domingo, dia 01 de agosto, saimos, crédulas, pela vizinhança, pela Lapa, com a constante trilha sonora de sambas.
No caminho, na ida e na volta, desafiando as noções comuns da geografia, muitas eram as pessoas com o Peru abaixo da Linha do Equador: sim, travesti aos montes, trocando de roupa no meio da rua. E dos agressivos.
Havia por ali mais putas do que estrelas no céu - independentemente do horário e do dia...e assim, saimos, comemos, estranhamos tudo e tentamos confrontar a Cidade Maravilhosa cuja beleza é geofísica e que, pelo jeito, daí não passa, com aquele Rio de Janeiro que a realidade expunha. Mas, bola para frente, porque todo conceito antecipado pode ser só preconceito.
Na volta deste passeio, putas e travesti disseram gracinhas à gente, coisas que não dava para entender com clareza de palavras, mas com certeza não eram elogios.
No frente do hotel, nada de marginais: eles já estavam dentro, com umas loiras suspeitas e tudo mais...
Elevador quebrado e desativado aqui se chama "elevador em modernização".
Oito lances de escadas.
Puseram a gente no oitavo andar de propósito, para demorarmos a perceber onde estávamos de fato.
O vôo de ida, pelo menos de Brasília para o Rio, foi uma polvorosa porque o idiota do Luan Santana e o staff dele estavam no meio de nós.
Antipática, nem quis saber da celebridade:pedi que se retirasse do meu lugar, da minha janela.
Ora, muitas alunas minhas dariam os ossos da alma para estar ali perto daqueles entidades do pop brega, se é que é isso que eles tocam.
Detalhe: Brasília é igual a Xique-Xique, só muda a assinatura de Niemayer e Lúcio Costa, isto é, uns prédios e uns monumentos.
Para voltar do banheiro do avião, o staff foi todo em cima de mim, sem adivinhar que eu queria voltar para minha cadeira e não voar no pescoço do sem-graça do moleque celebridade.
Depois destas e outras, lá na pocilga, fomos dormir e nem cogitamos badalações. Ah, antes eu penei com Manoela porque estávamos com abstinência de cafeína. E quem disse que o povo lá bebe café?
Saimos de noite, passando por cima dos perigos, das ameaças, dos travestis, das putas e etc., mas nada de café. A Lapa é da cachaça, da cerveja, do álcool.
Dormimos. Putas ficamos nós:putas da vida com aquele hotel de quinta que tinha nos levado metade das diárias depositadas antecipadamente.
Repetimos sobre o hotel, num terço idiotizado: "Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento".
(Be continued)

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