Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O sonho e a vida


Ontem à tarde eu estava me derretendo de rir com a sátira aos filminhos de vampiros, Vampiros me mordam. O mais interessante não é apenas o nonsense, mas o lado crítico, porque a atriz que interpreta Becca, ou seja, a Bella da sátira, diz de si mesma, ao chegar à sua nova escola, que não sabe bem porque ela sendo assim sem graça, sem beleza e sem sex appeal, consegue convencer todo mundo de que é bonita e sensual. Mas não fosse só isso, ela é mesmo uma excelente atriz, que faz as caras e bocas da sem-graça do filme original.
Indo de filmes a sonhos, porque não sei onde que é os dois se separam exatamente, ainda sou louca para descobrir por que sempre acordamos nas horas mais gostosas dos nossos sonhos.
Se há um perigo, se a situação é um pesadelo, não tem um cristão que nos apareça para nos acordar e encerrar o martírio. Porém, se o sonho é prazeroso, até o carteiro muda de horário para lhe entregar o SEDEX e interromper o sonho.
Deste domingo para esta manhã de segunda-feira, estava eu sonhando com um personagem de filme: era aquele inimigo juvenil do Homem-Aranha I. Ora, sei lá o nome... Assisto muita porcaria porque simplesmente está passando e eu fico vendo. Logo, não tenho lá grandes atenções. Mas eu, pessoalmente, gosto do Homem Aranha. E gosto do sujeito que o interpretou.
Ao que consta, meu inconsciente adorou o filho do vilão, isto é, o amigo do Homem-Aranha que se torna inimigo depois. Quem interpreta é o James Franco. Vilão Júnior, digamos. Ah, só sei o nome dele porque joguei no Google para pegar a imagem deste post.
Então estava eu com o lindíssimo vilão júnior, numa cama de solteiro ( e isso eu atribuo ao fato de eu ter ouvido o filho de Bob Marley cantando, no Multishow. Daí que a cama de solteiro é a single bed da música Is the Love?. Penso que os sonhos colhem retalhos do nosso dia, acrescentam flashes do inconsciente e misturam com desejos reprimidos e necessidades. Também por isso, sonhamos beber água quando temos sede e sonhamos comendo quando temos fome: maneiras de saciar e preencher faltas. Mera dedução minha). Era o quarto dele, mas sabíamos que o meu pai estava em casa, lá na casa dele, fazendo sabe-se lá o que, mas presumo que me esperando e conversando com os outros na cozinha.
A porta do quarto do vilão júnior gostoso ficava aberta por isso: porque a porcaria da família da gente estava em casa, circulando. Nisso, eu ficava de amasso com ele e acariciava aquele tórax lindo, uma barriga maravilhosa, bem “tanquinho”, e aproveitava muito o possível.
Quando eu ia adentrando ao impossível, lembrava da porta aberta. O sonho era meu, a censura estava liberada: então fui ver o que eu queria ver e adorei o que vi. O problema foi que, no sonho, o meu pai me dava a maior bronca, lá da porta mesmo, porque eu estava demorando...
Na vida real, era alguém derrubando o meu portão, se esgoelado de chamar justamente porque o sujeito da COELBA tinha vindo fazer a contabilização do consumo de luz e eu não atendia de modo algum. Ah, que ódio: rolando a maior energia no meu sonho e me aparece a porcaria da vida real para interromper o meu deleite.
E o que o meu pai fazia no meu sonho? Fazia a repressão e a vigilância moral. Também ontem dormi virada “nas setecentas” com ele. De novo, achou por bem interferir em minha vida profissional, dar palpites e fazer críticas. Isso agora, quando a gente tem conversado mais depois de tanto tempo... Não há como mudar. As pessoas mudam se for interessante para elas, mas mudanças bobas, tipo fazer uma concessão moral ou outra; experimentar alguma coisa, rever pequenos pontos de vista... Meu pai é o mesmo pai de sempre, ainda que de vez em quando ele sinalize pequenas crises de consciência.
Sei que ele estava em meu sonho porque eu tive muita vontade de dizer umas palavras bem feias a ele e não o fiz. Não foi apenas por respeito, mas por ver que não valeria a pena, porque com ele a receita é outra: se deixo de dar notícias, se ignoro um telefonema ou uma data que para ele é significativa, vale mais que qualquer palavra.
Mas, na vida real o problema já não era meu pai: o problema era esse povo chato, que ousou, numa manhã de segunda-feira interromper minha sessão erótica com o inimigo juvenil do Homem Aranha. E eu estava passando bem naquele corpo... Ah, sim, por que o Homem-Aranha? Bom, segundo Masters e Johnson, a simbologia do herói urbano que sobe pelas paredes já é auto-explicativa.

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