Louquética

Incontinência verbal

domingo, 27 de novembro de 2011

Vitórias e viagens


Minha grande amiga Tatiana passou num doutorado qualificado, numa universidade renomada que é o sonho de qualquer ser vivente com algum juízo e discernimento. Não fossem só as estatísticas, mas a comprovação empírica de que tudo ali funciona bem e como deve ser, como de fato é, já teríamos motivos para comemorar embasbacadas. E assim estamos, é claro!
Mas, como há umas postagens atrás eu falava das vitórias sem prêmios, foi a própria Tatiana quem me alertou que estava com medo de comemorar, porque ela lembrava muito bem que depois de um ano, no meu caso,no doutorado, vieram os dissabores. Então fui obrigada a dizer que passei um ano todo feliz, que o momento dela é este, de estar feliz. E se houver dissabores e contendas, que sejam vividos a seu tempo e que ela lembrasse que está indo para outra Instituição pública de ensino superior.
Mas não foi uma vitória fácil, nem uma decisão fácil usufruir da vitória: ela também passou em outro doutorado, com tudo mais cômodo, embora este seja um curso por ela menos desejado.
Há um tempo eu indaguei aos meus alunos, naquela época, se deveria "me casar por amor ou por interesse", no tocante não a casamento (porque deste, Deus me livre! casamento é terrível para o amor...Hum, pode ser ótimo para os negócios...), mas ao doutorado. Com isso queremos dizer se apostamos naquilo que nos oferece maior oportunidade de vitória ou se nos lançamos no que de fato queremos e desejamos. Ali eu tomei a minha decisão da qual não me arrependo.
Tati tem outros monstros: mudar de Estado, se afastar do namorado, da família e ir lá para longe sem emprego e sem dinheiro. Estamos resolvendo isso antes que março chegue e as aulas comecem. Escolhas pedem o estudo de vários aspectos e por isso ficamos enrolados para decidir. Bem, estou tão feliz COM ela (posso dizer que estou feliz POR ela porque somos igualmente felizes pelo resultado) que deixo de lado que minha amiga vai estar a milhas de mim. Depois penso que ela me incluiu nos planos, que a gente já tem viagem agendada para São Paulo em 2012 e que não custa nada eu ir até onde ela estará, em outro Estado, para dar um passeio, até porque ela adiantou o roteiro.
Ela desistiu do Rio de Janeiro porque não gosta de lá. Achei prudente. Também estou aqui digladiando porque não quero ir a um lugar que eu não gosto e preciso ir lá. Desejo versus necessidade é uma luta visceral!
A melhor companheira de viagem que eu já tive é Tati: temos muita compatibilidade e cumplicidade e coincidentemente, de todos os lugares a que já fomos,ambas preferimos os mesmos lugares, observamos as mesmas coisas e rimos do etnocentrismo que presenciamos por aí. Não pudemos dizer isso sobre as pessoas de Minas Gerais que, ao contrário, são extremamente educadas e pouco caso fazem sobre serem inteligentes, agradáveis, criativas...eu sou suspeita porque meu pai é de Monte Azul, minha tia é de Montes Claros e minha família viveu lá por duas décadas. Terra de comida gostosa e de homens educados, acrescenta Tati.
E São Paulo, com características diferentes de Minas, também encanta a gente - e aqui também sou suspeita por ser paulista e por outra parte de minha família ser de lá. Mas o que Minas e São Paulo têm em comum é aquele trânsito violento e seus acidentes tragicamente hollywoodianos. Mas este blablablá também ocorre porque se fosse na geração dos nossos pais, seríamos on the road, gente com o pé na estrada. Nós, no máximo somos umas on the airplane, se isso existir, praticando turismo acadêmico, inventando pretextos científicos para sair por aí. E agora que Tati é doutoranda também, poxa,vamos por aí, se a grana permitir...
Fico bastante feliz pelas vitórias dos meus amigos, porque eu já assumi que as confundo com as minhas próprias vitórias; e também comemoro quando numa disputa o resultado é justo e beneficia quem merece ou favorece quem faz jus ao cargo, ao lugar ou ao prêmio. Parabéns, Tati! E como não pode deixar de ser, "Xô, olho grosso!"

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