Louquética

Incontinência verbal

sábado, 22 de setembro de 2012

Ocasos e acasos

A vida não anda nada boa ultimamente. Aliás, a vida nem anda para mim: apenas descreve círculos. E para complicar ainda mais, deu um revertério no meu computador e eu perdi três páginas das minhas considerações finais. Não falo de outra coisa: Considerações finais. Tem coisa pior? as considerações finais são as conclusões "daquilo tudo que eu lhe disse antes", como diria o Raul Seixas. Bom , se eu já disse, por que repetir? mas meu orientador quer seis páginas! custe o que custar. O caso é que já escrevi umas quinze: uma pior que a outra. A fonte secou! não é que eu esgotei o assunto, não, pelo contrário! é que se pego o que eu disse, acrescento algo, crio uma nova discussão. Deste modo, o final nunca chega ao fim, por mais tautológico que isso possa parecer ( e é!). Nem as coincidências andam me ajudando. E devo dizer: se falo a toda hora que competência e inteligência, sem a devida oportunidade de ser aproveitada, não levam a coisa alguma, outra coisa em que acredito cegamente é na sorte e no acaso. Sorte é um negócio que se você tem, se está ao seu lado, abre todos os caminhos. E o acaso é tudo no andamento da vida. O acaso não esteve ao meu lado: no fim de semana passado, em que eu estava dando aulas na linda cidade turística entre as águas mais lindas desta Bahia, o ex-Grande Amor da Minha Vida também estava lá. Na sexta à noite eu estava literalmente no meio da rua tomando chá após a aula, com duas chegadas, enquanto vez por outra passavam carros e motos desconhecidas cujos motoristas olhavam para a gente admirando o fato de a mesa estar no meio da rua. E no meio da rua só estávamos nós mesmo, em animada conversa, apesar do cansaço. Ele estava há metros de mim e a gente não se viu. Ele foi até o atracadouro justo quando eu me hospedei ali em frente e ainda olhei o porto da janela do hotel. Ele que gosta tanto de olhar a lua, que adora os ocasos (eu ignorava o por-do-sol há um tempo). A gente passou a sexta e o sábado bem próximos, saindo, chegando, passando, ele na cachoeira e eu na ponte; ele na praia e eu no porto, eu na igreja e ele na praça...Mas o acaso não favoreceu nada!e se favorece, ia ser conversa para mais de dois dias. Só demos pela falta das ações do acaso quando cada um já estava de volta às suas casas, sendo a dele em outro Estado. Acho que de tanto estudar literatura eu fico, às vezes, esperando as aventuras, reviravoltas e ação no cerne da diegese da minha vida. Ah, tá tudo tão parado!e eu nunca mais tive boas narrativas para contar, as da vida real, claro. Fora que o que eu queria dizer eu não vou poder dizer porque minha amiga vai descobrir que eu andei acionando meu repertório de desculpas esfarrapadas para não fazer determinada coisa. Pior: duas amigas e duas desculpas esfarrapadas,rotas, esdrúxulas, porque para evitar expor umas verdades, tive que recorrer a umas meias-mentiras. E o caso seria de dizer: "Bah!!!não estou a fim e não acredito no espetáculo!". Vish, falei demais! Câmbio. Desligo!

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