Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

"Procuramos Independência"



Neste sete de Setembro, nosso Independence Day, nada de novo debaixo do sol...nem mesmo o sol, que apareceu pouco e timidamente.
Tati me ligou hoje e me fez pensar no futuro como há muito eu não pensava. Disse-me a minha amiga: "Já pensou para onde você vai?". Não, não era para onde eu vou neste feriado, mas para onde eu irei logo que colocar as mãos no diploma de doutora.
Insistente, ela perguntou se eu não me toquei que na Bahia eu só terei duas opções, sendo uma pior que a outra. Pois é, não pensei. Mas assim será.
Ela disse de si mesma: "Eu só serei doutora em 2016. Estou com medo!" e tem que estar, num país ruim de editais e de bancas qualificadas para avaliar.
Ouvi um blablablá no café do shopping, uma certa vez, em que os candidatos a professores da UNEB presumiam que a defesa de memorial é deveras subjetiva e significa que a banca gostou ou não da sua vida. Pensam eles que defesa de memorial é um momento de expor a vida profissional e acadêmica e que o outro precisa simpatizar com ela.
Não, gente: memorial expõe a coerência de sua formação com as escolhas de cursos, eventos e etc., além de expor sua trajetória acadêmica. Se o currículo enumera o que você fez, onde e quando, o memorial mostra o que você reteve daquele curso e justifica suas escolhas.
Bom, mas o caso é que cada banca recebe um roteiro com os pontos que serão avaliados, os critérios...mas ninguém usa.Valem as amizades, conluios, simpatias, interesses sexuais e a aptidão real fica em último plano.
Meu amigo Ósman está numa seleção de mestrado e se irrita ao considerar que para ser aprovado não depende apenas da inteligência e competência, mas de angariar simpatias da banca. Concordar eu não concordo, mas estas são as regras do jogo.
Parece show de calouros, concurso de Miss simpatia.
Digo ironicamente que "inteligência e competência sem a devida oportunidade não serve para nada". Não é mentira: se a pessoa é inteligente mas não tem uma chance, já era.
Os medíocres que puxam o saco certo e tem os contatos mais influentes ocupam os melhores espaços profissionais. No meu caso particular, que tenho formação híbrida, de Letras e História, dependo de haver editais flexíveis e universidades multidisciplinares. Elas só existem nos discursos e nos papéis, pelo menos aqui na Bahia.
Tati já migrou para Belo Horizonte. Eu já descrevi uma diáspora louca pelo interior da Bahia e por Sergipe... é o preço da independência.

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