Louquética

Incontinência verbal

domingo, 18 de novembro de 2012

No mundo da fantasia


Desta vez fui eu a perguntar qual era a fantasia que ele ainda não tinha realizado. Ele me disse que não tinha fantasia alguma. Duvido, mas entendo que a recusa a falar das fantasias dele seja o subterfúgio para não encarar as minhas. Bem, tenho mais fantasias do que barracão de escola de samba e do que festa de Halloween. Tenho muitas ainda, mas em sua maior parte, impossíveis, por depender da aquiescência e colaboração do parceiro.
O Ex-Grande Amor da Minha Vida um dia me perguntou de minhas fantasias e não aguentou a resposta. Quem pergunta deve estar preparado para a resposta. Ele, porém, entendeu como ofensa, ficou surpreso e decepcionado. Para os curiosos, só posso adiantar uma coisa: não tenho nenhuma fantasia que envolva outra mulher – para má sorte dos homens, que têm fantasias desta ordem.
Lembrei de Felipe, lá de Campinas: pelo menos comigo ele ficou livre e à vontade para contar das fantasias dele. Levou um tempo até este dia, e olha que para alguém que correu atrás de mim em assumido fetiche por saltos altos, demorou até às confissões, das quais duas não tinham nada a ver com sapatos. Mas, cá para nós, não me senti chocada. Uma destas fantasias, sim, era pesada e talvez inviável... Moralmente inviável, neste mundo de chantagens e vigilâncias morais.
Não gosto de gente com taras esdrúxulas, mas fico contente quando encontro gente que viaja na proposta, participa, curte, vivencia e se predispõe ao que ocorrer... Terrível é encontrar um cara reprimido que nunca queira nada, que faça julgamentos e não assuma o quer experimentar.
Está bem que já dei umas chineladas em masoquistas convictos e queimei vela de canela nas sardas de quem eu tanto gostei, mas o resto, tudo para mim está na ordem da normalidade, - talvez com alguns involuntários e pequenos atentados ao pudor.
Todo mundo tem limite e os meus têm mais a ver com os ouvidos do que propriamente com todo o resto. Não ouço certas coisas. Se eu ouvir, grito: “Pare o mundo, que quero descer!”.
Adoro sussurros, acho a palavra tremendamente sedutora, erótica, afrodisíaca. Mas não é qualquer palavra, palavras de boteco e repertório de peão da construção civil não funcionam comigo. Ah, e música, trilha sonora... Uma coisa tão simples e boa parte dos meus namorados não é chegada, dizem que tira a concentração. As coisas mais simples às vezes são bem complicadas de realizar... Já outras, palavra de quem já usou farda e foi militar, delicadas, complicadas tecnicamente, na vida real são mais acessíveis do que ouvir música. Acho que eu gosto de todo tipo de fantasia, desde que não ameace minha integridade física ou cause preocupação ou apreensão: fundamentalmente gosto de criatividade, segurança e tranquilidade.
Sei que meus amigos tarados estão pensando em aglomerações sexuais – e minhoca cega acha que macarrão é suruba, já disse o filósofo Zé – e em mil perversões, porque basta a gente levantar o tema que as conjecturas mais picantes são tecidas, o que acho uma injustiça, porque sou tímida e quieta. Aliás, fiquei pensando nestas coisas devido à vida careta que eu levo e por causa de minha consternação ao ouvir do ser humano que tenho por namorado me dizer que não tem fantasias. Não pode ser! Por outro lado, pode ser, porque ele tem umas ortodoxias e machismos que não admitem certas coisas... E sorte a dele ter boas compensações.
Fantasias, pelo jeito, só nas minhas próprias fantasias...

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