Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O tamanho do problema (II)

"Uma pesquisa da revista Journal of Sexual Medicine confirmou um dos maiores temores masculinos: o tamanho do pênis faz diferença na hora de satisfazer a mulher na cama. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada na Universidade do Oeste da Escócia.

Coordenada pelo psicólogo Stuart Brody, a pesquisa consultou cerca de 323 mulheres. Elas foram perguntadas sobre diversos aspectos da vida sexual e se elas consideram que o comprimento do órgão sexual masculino influi no prazer delas.

Para sorte - ou azar - masculino, as moças com mais ocorrências de orgasmos vaginais dizem que isso ocorria mais facilmente se o parceiro tinha um pênis maior. Isso porque um pênis mais longo consegue estimular toda a extensão da vagina e também o colo uterino. (vi no jornal espanhol ABC)".

Isso estava numa página da Web. Li hoje de manhã e não consegui detectar qual é a novidade. Por aqui, já havia cantado esta pedra antes.
Não é incrível que a ciência perca seu tempo para constatar o óbvio?
Ah, a novidade deve ser que as mulheres finalmente resolveram falar a verdade. Ah, parabéns, colegas!A sinceridade também é um caminho para preencher o vazio existencial - ou outros vazios, sabe-se lá!
Vejam o problema da falta de leitura: tivessem tais cientistas lido Tenda dos Milagres, de Jorge Amado, teriam o devido embasamento e a comprovação da hipótese inicial:
"Depois foi tomar o banho de folhas, escolhidas uma a uma por Ossain. No mel e na água de pitanga, no sal e na pimenta malagueta preparou a arma e a viu crescer, descomunal bordão de caminhante. No bolso escondeu o kelê, o xaôro e o coração da pomba, a conta vermelha e branca de Xangô. Na porta da Tenda dos Milagres, ele a esperou chegar.
Apenas surgiu na esquina e começaram, não houve fuleragem nem fricotes: mal a iaba apareceu e a estrovenga foi ao seu encontro e lhe subiu as saias engomadas, ali mesmo metendo, na extata medida do xibiu: fogo com fogo, mel com mel, sal com sal, pimenta com pimenta e malagueta. Contar essa batalha, essa guerra das duas competências, o assalto da égua e do cavalo, o miar da gata em desvario, o uivo do lobo, o ronco do javali selvagem, o soluço da donzela na hora de mulher, o arrulho do pombo, o marulho das ondas, contar, amor, quem poderia?
Rolaram pela ladeira, penetrados, foram parar no areal do porto e atravessaram a noite. A maré cresceu e os levou; no fundo do mar prosseguiram em louca cavalgada, na metida insana.
A iaba com tal resistência não contara; a cada desmaio de Archanjo, a excomungada pensava com esperança e raiva: agora o possante vai pururucar, esmolambado! Muito ao contrário, em vez de fenecer, crescia o ferro em brasa e em carícia.
Tampouco imaginara gostosura assim, chibata de mel, pimenta e sal, delícia das delícias, fenômeno de circo, maravilha. Ai, gemeu a iaba em desespero, se ao menos eu pudesse...Não podia.
Durou três dias e três noites o grão embate, o sumo pagode, sem intervalo: dez mil trepadas e uma só metida, e a iaba tanto entesou-se em seu furor sem termo que, de repente, deu-lhe um tangolomango e em gozo ela se abriu como se rompe o céu em chuva. Irrigado o deserto, rota a ridez, vencida a maldição, hosana e aleluia!."
(AMADO. Jorge. Tenda dos Milagres. 42. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 125)

P.S.: Desejo um bom feriado aos meus amigos e leitores. A uns poucos, recomendo higiene mental para limpar as mentes sujas. kkk!)

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