Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A volta da Panterinha





Abro um parêntese interessante, chocante e revelador: minha gata, a Panterinha Negra, voltou para minha casa hoje de manhã, após oito dias de sumiço. Julguei que ela se mudou de casa porque tenho ficado pouco por aqui. Os gatos permanecem nas residências conforme a presença e constância dos seus donos.
Há pouco soube que ela foi propositadamente sequestrada por um dos meus ex-namorados. Vê se pode? meu tio foi o cúmplice porque detestava minha gata, pois ela é predadora nata, devora pintinhos, abre panelas, cata tudo que vê pela frente, independentemente de estar saciada de qualquer outro alimento.
Meu tio planejou e convocou a ajuda do meu ex. Tudo isso em suposta defesa dos pássaros e aves em geral que a gatinha costuma comer.
O caso é que gosto da gatinha como gosto de todos os meus bichos. Eles, meu tio e o ex, puseram a gatinha num outro bairro, creio que nem se preocuparam em doar, abandonaram o bichinho na rua, pelo que entendi.
Eu nunca largaria um bichinho por aí. E agora que imagino os perigos que ela passou ao longo de oito dias de peregrinações, até chegar à casa que ela sabe que é dela, agora é que não largo da Panterinha mesmo!
Bicho não é gente. Não há bicho interesseiro. Isso é o ser humano que atribui ao bicho tal qualidade ou defeito humanos.
Não posso atirar fora um bichinho por causa dos instintos dele. Não vou me desfazer de minha gata – e meu tio está esbravejando porque tenho este apego pela Panterinha. Adoro gatos e adoro ainda mais um gato que enfrentou perigos, riscos de atropelamento, de sofrer pedradas e maldades humanas, que passou frio, sede e fome para voltar para a casa que ele sabe que é dele – no caso, minha Pantera sabe onde fica o seu lar. E será sempre bem-vinda. Para ela, Chico Buarque (História de uma gata)

Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
Me acostumaram

O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé...de gato
Me diziam, todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás!


De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás!

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