Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 30 de julho de 2013

De par em par


Crises de consciência eu até já tive, mas isso foi no tempo em que eu tinha consciência. Hoje danço conforme a música que tocam e conforme o ritmo venha a me exigir.
Não acho moralmente certo acumular relacionamentos. Mas desde quando os relacionamentos não são concebidos ou assumidos como tais, lavo as minhas mãos... e dou boas risadas!
Já tomei tanto chifre nesta vida que até os alces têm inveja de mim. Já sofri traições passivamente porque gostava do traidor; já devolvi uns por vingança, outros por vontade e muitos por prazer...Mas agora que ouço umas coisas esquisitas, ando bem disposta e não ter crises de consciência.
Esquisito mesmo é que eu aderi à moda que eu mesmo condeno: que geração é esta que não assume nada? as pessoas se gostam e não admitem; namoram e não admitem, amam e não assumem e, pior ainda, fingem não sentir ciúmes.
Neste sábado passado, o Zero Dois argumentou que não iria mais sair comigo devido a um contratempo familiar. Atendi o telefone, acatei a desculpa e depois escrevi um SMS: "Acho que Contratempo tem cabelos longos e coxas grossas. Vou dar para o vizinho tudo que você não quer!".
Ele ligou minutos depois, virado nas setecentas, perguntando o que era aquilo, exasperado,esbravejando, sem o menor toque de bom humor ou compreensão...
Eu disse que daria ao vizinho o vinho que ele não queria, a conversa que ele não queria, a minha companhia e só isso.
Muito engraçado!
Gosto dele, às vezes tenho ciúme, mas entro no jogo e não levo tudo a sério, não. Mas ele sabe que eu já o deixei antes, que terminei e levou muitos anos sem que eu quisesse contato, que o rechacei mesmo, por causa de nossas diferenças.
Na minha frente o Zero Dois diz que cada um de nós pode ficar com quem quiser...depois ele argumenta que sabe que se ele me satisfizer, se eu gostar dele, não vou querer mais ninguém. E diz com convicção...Finalmente, dá chilique se eu não atendo o telefone ou se dá linha ocupada...No fim das contas, deve querer ter outros relacionamentos, outras mulheres, mas temer levar um suposto chifre.
Já o Zero Um, que não sabe do Zero Dois, não aceita compartilhamentos. Quer dizer, compartilhamentos assumidos, porque este mané já me deu muitos chifres, especialmente os de insegurança, de descaramento e de vingança. Devolvi só pouco.
Proponho que  a gente fique com que a gente quiser, desde que mantido o respeito, porque prefiro tudo às claras. Explico que traição é mentir, é atacar pelas costas, é trair expectativas também e que se tudo for claro, não há traição.
Nada feito! mas ele nunca deixou de me trair durante todo o tempo em que já estivemos juntos.
Nunca permiti, porém, que ele me pegasse nas ocasiões em que revidei.
Já estamos velhos e anacrônicos, vivendo idiotices adolescentes. Amor com maturidade é outra coisa,mas eu nunca mais tive.
Aprendi muito com eles, aprendi muito com o Zero Um e uso o aprendizado contra ele, porque ele fazia rodízios de horários, ele se aproveitava das brechas de horário e tudo mais.Hoje faço o mesmo e coloco o número do Zero Dois na agenda com nome de mulher. Está lá: Érica.
Apago tudo que me compromete, me aproveito do cansaço do trabalho, dou golpes cinematográficos para ocultar a vida dupla e, acima de tudo, não tenho namorado.
Quando for possível, "quero a sorte de uma amor tranquilo" e admito que me rendo ao contexto: gosto da cumplicidade com o Zero Um; gosto da paridade sexual com o Zero Dois. Se eu fosse canalha, aproveitaria as investidas do Todo poderoso, aquele que ficou noivo e correu atrás de mim no Facebook...
Voltei a flertar com C, mas nunca voltaria para o acima citado. Tudo flerte bobo, sem consequências e sem futuro...
Juntando tudo não dá um terço de um relacionamento de verdade. Por isso não julgo que eu esteja necessariamente enganado quem quer que seja.Homens não se privam de ficar com quem bem entendem, apesar dos laços e compromissos com outras...Faço o jogo, me jogo!

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