Louquética

Incontinência verbal

domingo, 7 de julho de 2013

Não há remédio...


Eu estava conversando com um farmacêutico justamente sobre a medicamentalização da vida, sobre os antidepressivos e sobre essas balelas sobre serotonina, lítio, baixa de substâncias no corpo e outros elementos que se dizem determinantes na tristeza e na reposição da euforia. Perguntei porque a TPM me deixa vulnerável, porque o ciclo menstrual influencia meu humor, meu desespero, minha alegria, minha libido e quis saber da similitude dos processo.
Ele me esclareceu o óbvio mais oculto dessa história: em processos de depressão, luto, pânico e etc., os medicamentos são para trazer estabilidade. Só isso. E esta estabilidade deve servir para que a pessoa consiga sobreviver e ir resolvendo o que causou, o que detonou, o que determinou seu processo depressivo.
O que ocorre é a preguiça e a acomodação: como o remédio permite sobreviver, a pessoa esquece que deve atravessar a onda de problemas. Enquanto ela não reagir, nada muda e apenas se sobrevive.
Não é fácil olhar nos olhos dilatados de um amigo que vive de fluoxetina, Rivotril e Risperidona. Mas nos falta paciência com quem não reage.
Paralisar de medo, de pavor, de tristeza, de perplexidade, é coisa que pode acometer qualquer um; e somos sensíveis a isso. Mas o problema é o tempo em que a pessoa se detém num mesmo patamar. Nada muda!
Quando fico sem conseguir dormir, na noite prévia da chegada do ciclo, enlouqueço, fico em agonia, cansada, enraivada. Entendo os hormônios determinando meu humor e meu bem-estar...Não sou de me entupir de remédios, mas recorro ao óleo de prímula, a um chá, mantenho o controle e apesar disso sei que estou vulnerável às vicissitudes do corpo.
Não me conformo com as pessoas que vivem a vida com preguiça, que empurram os problemas para o futuro ou para os outros, que reclamam de ciclos depressivos e só responsabilizam terceiros por isso, sem dar nenhuma contribuição para a própria melhora.
A vida não tem remédio. Não tem jeito: todo mundo tem angústia, todo mundo tem tristeza, todo mundo tem lutos, todo mundo tem perdas... E o lado bom da vida, aquele que nos dá amores, alegrias, excitações, realizações, surpresas e empolgações, existe também, mas não é proporcional. Tudo são ondas. Precisa-se saber nadar.

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