Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Infinito nonsense



Acabei de receber a devolutiva do meu orientador, após correção da minha tese.
Ri bastante de apenas um período em que eu escrevi tanto QUE que ele grifou em verde glitter.
Graças a Deus não tem lá muitas coisas a consertar, mas as pequenas coisas são trabalhosas... E ele me diz das considerações finais; "Tire as repetições e acrescente isso e aquilo, de modo que resulte em 06 páginas concisas".
Aí, já sabe, né? apertou meu juízo, eu fico um pouco mais que louca. Minha reação é rir, porque acho engraçada a enrascada em que me meti. Acho tudo insolúvel! penso tudo nonsense. Aliás, penso do modo como Lobo Antunes escreve: sem nenhuma fidelidade à pontuação, intercalando coisas, cruzando narrativas, dados, histórias, coisas e coisas. Na minha cabeça agora, fica algo assim:
"Mundo, mundo, vasto mundo!" Oh, Drummond, me salve!o que é que eu vou fazer agora? por que isso nunca acaba? que banca eu terei? por que sei que vão me perguntar somente o que eu não sei?"Mãe Senhora do Perpétuo socorrei!" Por que eu não tenho um namorado inteligente, do ramo da Literatura, para discutir verossimilhança comigo antes de dormir? por que o meu namorado gosta de novela? e por que reclama que eu estou no computador agora? Por que meu pai não sabe teoria? Ah, como me sinto só. Depois vem um filho da puta questionar por que esse monte de fresco afirma que a escrita é um ato solitário...experimenta chamar tua família para te ajudar a escrever uma tese, um livro, a discutir literatura portuguesa no almoço...Pensa aí, besta (e a besta aqui sou eu), que você vai dançar com um cara, na festa de sábado, que é PhD em Literatura dos anos 90... "Nossa!Nossa!Assim você me mata! Mal li o meu horóscopo hoje e descobri muito recentemente que a Clarice Lispector frequentava a cartomante...assim falou Nélida Piñon...ora, pois, a Clarice ia à cartomante e disse à Nélida, quando estava doente (a Clarice, gente, não a Nélida, que continua viva, forte e poderosa): "Ela não previu isso, Nélida, essa doença!" Putz, só eu não acredito em cartomantes, é? eu e o Machado...mas agora estou com medo de pagar caro.
Olha, a entrevista passou na Globonews, tá?
Pensei numa aluna minha de Xique-Xique dizendo na sala: "Santo anjo do Senhor/meu zeloso guardador..." só sei isso.
Bom, depois que eu estouro em nonsenses, volto à programação normal.
Daqui a pouco eu volto ao normal, com problemas normais, com a loucura normal, aquela que faz sentido...Daqui a pouco pode levar uma hora...Acho que daqui a pouco vai durar até eu corrigir cada página e catar cada formiga...Ah, caramba, como demora!
Sabe essa foto que eu pus aí na imagem? ela é de um dia terrível, da mais extrema dor-de-cotovelo. Foi dia 07 de julho deste ano, aniversário de minha amiga Cléo. Que chique isso de nascer em 07/07.
Esta sou eu, desolada, na Praia do Forte, em dupla dor-de-cotovelo, sem namorado e sem amante, que preferiu voltar para Ilhéus mais cedo a ir à praia me encontrar depois da aula de pós. Essa sou eu: sem namorado e sem amante, porque um somado ao outro era igual a ninguém. Estou com dor-de-cotovelo pela tese, agora. Já expliquei o termo: dor-de-cotovelo é o período em que a gente fica com os cotovelos apoiando a cara, pensando na vida, nos chifres dados e tomados, nas perdas, nas decepções, na maior desolação. Pois é, agora que vi que quem mais me apoia nos momentos de dores são os meus cotovelos!
E eu já fui tão feliz aí na Praia do Forte, no castelo García D'Ávila...ah, como as coisas mudam!

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