Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Caso de Polícia


Minha cidade está sitiada devido à greve da Polícia Militar.
Não comprei pão, nem pude ir caminhar porque não há pessoas nas ruas e os burburinhos de arrastões, assaltos e violência são constantes; e os casos confirmados ocuparam o noticiário local.
Não vejo isso desde o ano 2000, mas naquele tempo eu era militar também, entendia a greve e tinha relativa auto-confiança quanto às medidas preventivas em momentos como este. Aí é que vemos o quanto, com todas as falhas, deficiências e defeitos, o policiamento ostensivo ajuda a manter a ordem.
Tinha que ser agora: o momento é estratégico, é véspera da semana de carnaval, praticamente. Tinha que ser assim... Depois, um ou outro líder, comandante da greve vai preso, responde a processo, sofre até à exaustão e vira candidato a Deputado. Mas, tinha que ser assim.
Recentemente me perguntaram o que eu achava do fato de que os militares do Corpo de Bombeiros e os da Polícia, tendo o mesmo o salário, no caso do Rio de Janeiro, apenas os Bombeiros fazerem greve. É mais que claro: Bombeiros não criam milícia, não prendem nem incomodam traficantes. O salário deles é diferente porque quem domina as milícias é a PM, aumentando em até 500 vezes o próprio salário. E não é só milícia, são mil atividades extras que engordam o contra-cheque oculto.
Em minha cidade tem disso, mas em menor número. Aí os dois costumam entrar em greve. Por enquanto, aqui, é só a PM quem está em greve.
Polícia para quem precisa, com todas as ironias que os Titãs já cantaram e que os Paralamas do Sucesso esmiuçaram na música Selvagem.

A polícia apresenta suas armas
Escudos transparentes, cacetetes ,
Capacetes reluzentes
E a determinação de manter tudo
Em seu lugar

O governo apresenta suas armas
Discurso reticente, novidade inconsistente
E a liberdade cai por terra
Aos pés de um filme de Godard

A cidade apresenta suas armas
Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos
E o espanto está nos olhos de quem vê
O grande monstro a se criar

Os negros apresentam suas armas
As costas marcadas, as mãos calejadas
E a esperteza que só tem quem está
Cansado de apanhar

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