Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Darwin, Murphy e uns equívocos da evolução


Quem não tem Lollapalooza, vai de Antiquário Pub. E foi o que eu fiz no sábado passado, já que todo mundo viajou na Semana Santa e não iria ser eu a declinar de uma noite dançante, dentro do meu possível – tendo vontade de ir a Salvador ver o show do Camisa de Vênus, mas nenhum ânimo para encarar a estrada, antevendo a multidão de loucos na BR 324 na volta para casa, que coincidiria com o retorno de todo mundo pós-feriadão.
Comodamente, fui assistir pela primeira vez na vida, à apresentação da banda 80 na pista. Meu primo Nanno que me disse, há um tempo, que valia a pena. Valeu mesmo! A banda faz excelentes covers dos hits de minha infância e do começo de minha adolescência, pelo menos na parte do repertório internacional. Entram, claro, um ou outro hit dos anos 70 ( que, cá para nós, não surte o menor efeito positivo sobre mim. Detesto as músicas dos anos 70 e se há exceção é apenas uma, uma música do Elton John, chamada Yellow Brick Road.
Interessante, porque os anos 50 e mais ainda, os 60, me encantam musicalmente. A distância cronológica, cultural e de gerações em nada diminuem o meu apreço. Acho que porque os anos 80 herdaram da década anterior um estilo meio brega na moda, sei lá, não entendo, só sei que nada nos anos 70 me atrai.
Queria eu ter ido ao Lollapalooza ver o Foo Fighters e o Artic Monkeys! Digam o que disserem, São Paulo é phoda em entretenimento! E em estrutura, em organização de eventos, em diversidade ( e em pegação também porque não vale a pena ser hipócrita!).
Vi pelo canal Multishow parte desses shows.
Fui sozinha à festa e ir sozinha a uma festa em Feira de Santana é muito diferente da naturalidade que isso assume em Salvador, em São Paulo, em Campinas.
Em cidades maiores, estar só numa festa é fator decorrente da independência, da autonomia, da liberdade individual... Por aqui isso tem outras acepções das quais não estão descartadas as hipóteses que levantam questionamentos morais sobre as mulheres sozinhas – potencialmente julgadas como garotas de programa, ou à caça de companhia ou mesmo rejeitadas, complicadas ou periguetes.
Não deixo de sair por isso.
Os que me abordaram na festa observaram que eu não bebia álcool. Mais de uma vez ouvi a mesma sentença que ouvi de um garçom folgado de um lugar metido a besta, em Salvador: “Água demais enferruja”. Só é possível ser feliz pelo álcool, só é permitido dançar mediante o consumo de álcool e só o álcool salva, segundo tais opiniões.
Os que me pareciam interessantes, após o terceiro copo de cerveja deles, se transformaram em terríveis babacas sem noção... Outros, se não babacas, andam em companhia deles, não tem opinião própria e deste modo não vejo diferença entre um e outro.
Outro dia publiquei aqui umas Leis de Murphy. Dentre estas havia a sentença de que “Inteligência tem limites, mas burrice não.” Comprovei a veracidade desta tese nessa mesma noite. Eis o caso.
Lá para os meados da festa, vi um conhecido, que acenou para mim. Ótimo, saudei, conversei, mantive a conversa no entremeio do show e da dança. Ele, claro, observou minha água.
Pausa explicativa: tomo um coquetel sem álcool, geralmente, enquanto não estou dançando. Como é bem doce, me dá sede. Não gosto de refrigerante s e acho que sede se mata é com água... Ele fez questão de quantificar: “Quanto de água você já bebeu hoje?” e eu respondi que ali no bar, apenas dois litros... Fora que eu danço e isso provoca mais sede.
Conversamos amenidades, trivialidades, perguntamos reciprocamente dos amigos em comum que não víamos, tudo bem interessante e amistoso, como cabe aos amigos.
Conversamos dos filhos dele e dos meus ex-namorados que ele conhecia; da universidade e do trabalho, da banda e do ambiente, dos seres humanos e das maluquices da vida urbana...
Não sei de onde ele tirou a ideia, mas sem muitas delongas o sujeito me propôs sexo e conversa. Um e outro. Exatamente um e outro.
Não entendo de onde saiu a impressão de que eu tivesse qualquer interesse sexual nele, mas não poupei a resposta e disse claramente que eu não tinha este interesse, não aceitava a proposta e que amigos, para mim, não são para consumo.
Devo dizer que ele é um homem de mais de cinqüenta anos, o que me fez pressupor maturidade correspondente à faixa etária. Deste modo, às vezes quem a gente escolhe, não escolhe a gente. Sim, “sexo é escolha, amor é sorte!”.
Não gosto de ser grossa e de ferir narcisicamente nenhum homem, mas aquilo era apenas um não.
Ouvi dele mil coisas referentes ao poder de atração que ele exercia sobre as mulheres, das muitas que ele dispensou para ficar comigo e, para finalizar, que ele não gostaria de se frustrar. E o que eu poderia dizer? Ora, eu disse: “Nem eu!”
Eu jamais iria alimentar a frustração de vivenciar um sexo com quem eu não desejo, com quem eu não escolhi e com quem eu não queria.
Estranhei a reação dele porque para alguém que me conhece relativamente há anos (mais de uma década), pareceu estar se aproveitando da oportunidade que lhe caiu do Céu, porque eu estava sozinha e a casa dele era perto.
“Blablablablablá/ titititititi”, como diria a Blitz, e eu peguei o meu táxi e dei no pé, esperando nunca mais dizer sequer bom dia a este sujeito que não mais consta no meu cadastro de amigos que não vejo há anos. Fiquei indignada.
Certo, desde tempos imemoriais as mulheres o tratam como se ele fosse um rock star, uma grande coisa, o bambambã... Mas de onde será que ele tirou que eu estava nesta lista? Talvez a dor dele tenha sido isso, de se sentir rejeitado. Foi um comportamento de criança frustrada, que quer o brinquedo que o pai não compra...
Vi, então, que realmente não só a burrice não tem limites como a babaquice também não.
Um sábado desses e o domingo foi de franca e plena ressaca de sono, invariavelmente transcorrido na distância entre a cama e o sofá e até hoje me sobra sono.
Suco do arrependimento é o que não poderia faltar - há tempos eu não utilizava o kit completo. Vamos ver nesta quarta-feira, após o jogo do São Paulo, o que será de mim! Certamente, mais ressaca de sono perdido, porque o jogo será no estádio aqui de Feira, que fica perto de minha casa, e eu vou com uma turma imensa assistir. Bom, apesar dos babacas, a vida continua.

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