Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fiat Lux!


Acho que Lei de Murphy se aplica plenamente à minha vida e foi baseada nela que foi formulada.
Ontem à noite, inexplicavelmente, só faltou luz na minha casa. Eram 20 horas, eu estava terminando meu banho e, de repente, pluft! apagou geral!
Pensei que fosse coisa da corrente elétrica ter sido forçada pelo chuveiro, pensei em curto-circuito, pensei em coisas e causas possíveis e improváveis.
Senti raiva e fracasso!
Se tem algo que me corta os pulsos são as coisas contra as quais eu não possa fazer nada!
Domingo à noite. Domingo. Noite. O que fazer?
Tentei dormir à luz de velas, mas acabei com tanto ódio de tudo, afinal eu não estava com sono e provavelmente, se eu dormisse, iria acordar às 04 da manhã e iria me sentir fracassada por não pode acender a luz.
Fui dormir no sofá dos outros.
Oh, Deus, como eu te agradeço porque os meus amigos me amam! só mesmo me amando para se dispor a atravessar a cidade, me buscar em casa e ainda ouvir que " eu não durmo em colchão de molas", arrematado por "eu só durmo com o meu travesseiro" e, pior foi ouvir de mim, quando indagada se eu aceitava um café, que "sim, claro que sim!" e segundos depois: "É Nescafé? não, obrigada!pensei que fosse café!". Donde eu venho a complementar: "Deus, perdoa-me por ser chata!"
Demorei a dormir, remoendo os meus problemas.
Sempre lembro do Dr. House dizendo que uma das maiores bases do casamento, em especial, e dos relacionamentos, em geral, é a mentira.
Mal acostumada, meus familiares premiavam a coragem das crianças que assumiam a autoria de suas travessuras e desastres. Eu me acostumei. Melhor a verdade que dói, que a mentira que destrói, é o que mais ou menos eu penso.
Então, as pequenas e idiotas lições da vida: "Se não couber, não force" - Ih, já sei que pensaram besteiras!
Ah, minha cabeça cheia de blablablá... E por que levo a vida a sério? e por que não fazer o jogo das conveniências? E se for possível ser verdadeiramente feliz na mentira? E se eu largar os fardos no caminho? E se eu desafiar minhas convicções de terminar o que comecei? E se eu arrastar o fardo? E se eu for leve e o vento me levar? O que será que vale a pena? Depois de tudo isso, sim, preciso de minha analista...
Acordei cedo e no caminho para casa, viemos ouvindo, por uma dessas falsas coincidências da vida, a música Eu te amo, do Chico Buarque:

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

P.S.: Uns vinte minutos após minha chegada à minha casa, a luz voltou. Faça-se a luz! A vida tem mesmo metáforas!

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