Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A gramática e o tempo


Poucas coisas são tão chatas quanto um tempo que parece não passar, porque os dias correm e nada muda. A noção de ação tem a ver com a velocidade das coisas. Então, quando tudo vai devagar, realmente a ação cessa, tudo é inerte. E isso dá um nervoso absurdo!
Dá uma inveja das múmias, nessa hora! Dá uma inveja dos calminhos, dos conformados, dos contemplativos... Sabe aqueles amigos que sobem no telhado e ficam dizendo: “Ó, está tudo pegando fogo em volta de nós!” Mas no cemitério, nada pega fogo.Só se for fogo fátuo.
E para não dizer que nada acontece, dei muita risada ontem à noite. Foi como se eu tivesse trocado de lugar com aquela minha amiga que inventou de namorar o mano ABC paulista, aquele daquela história do “É nóis!”.
Estava eu cansada e chateada, no fim da noite de ontem, quando finalmente acessei uma sala de bate-papo da UOL. Esclareci outro dia que fui estimulada a frequentar uma sala dessas para deixar de timidez besta, me arriscar, me aventurar, entrar na loteria de conhecer gente diferente... Ok. Lá fui eu.
Também falei que nas salas de bate-papo, se você escolher por assunto Filosofia, Literatura ou o que quer que seja, ao entrar só vai ter sexo.
Entrei numa sala de amizades que, pelo menos, ainda não continha palavrões nem seres humanos com apelidos apelativos, tipo, Gatinho Bem Dotado; Casado safado; Careca Carinhoso e bobagens afins.
Encontrei o Edu. E então, blablablá,perguntas, respostas, abreviações e mais blablablá, até que ele mandou um “Concerteza” e um “Dinovo” que me expulsaram do ambiente virtual em menos de cinco minutos.
Um homem jamais deixaria de ser receptivo a uma mulher por causa de lapsos gramaticais. Mas, comigo não dá. Eu fico desconfortável. E o interessante é que eu não sou a única: minhas amigas próximas mandam o cara pastar se notarem que o sujeito não domina a norma gramatical. Lógico: revela muito sobre o nível da pessoa, sobre o quanto ela lê ou não lê, o nível cultural, a escolaridade e coisas correlatas ao capital simbólico que é a escrita.
Sou professora, não quero ser boazinha: vá escrever mal na casa do karalho careca!
Dei risada. Se eu pudesse, aconselharia: Homens, se vocês querem pegar alguém, cuidem bem do que fazem com a língua... A portuguesa, a língua portuguesa!
Uma das piores perdas que a gente pode sofrer é a perda de tempo. Perdi meu tempo conversando com um Edu que, pelo jeito, foi pouco agraciado pela Edu Cação. Preconceito linguístico: eu tenho!
Um homicida da Língua Portuguesa do teor desse Edu, que assassinou a gramática com requintes de crueldade, eu condenaria a uns 02 anos de curso intensivo, sem direito a pegar ninguém.
Homicídio triplamente qualificado praticado contra a Língua Portuguesa, porque a coitada não teve chances de se defender; por motivo torpe (vagabundagem, eu aposto) e premeditação (se a peste do cara vai a uma sala de bate-papo deve presumir que vai escrever, não é inocente, portanto) que culminam no dolo e na culpa do a réu.
Diferentemente de muita gente não alfabetizada, mas educada, dos humildes que não tiveram a chance de estudar, um maluco desses tem acesso a meios digitais e não procura aprender nada. Sinto muito, mas não dá!Ah, Edu, você foi condenado!

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