Louquética

Incontinência verbal

sábado, 12 de junho de 2010

Juntou os caminhos, mas separou as estradas


A gente só sabe realmente o valor da felicidade quando está feliz. Na ausência da sensação de felicidade ou na explícita tristeza e infelicidade, acho que nosso pensamento busca momentos ainda mais tristes e sofríveis.
Estar feliz parece um pecado, porque é algo tão raro, que muitas vezes a felicidade vem junto com a culpa.
Além disso, temos medo de atrair a inveja para nossa felicidade.
Ah, sabemos que não vai durar muito.
Quando se trata de tristeza, não: "Tristeza não tem fim, felicidade sim", não é?
Então ele finalmente repetiu após tantos meses que queria me matar.
Isso sempre aconteceu: nos exemplos de ódio ele dizia que por conta do que viveu, entendia todos os assassinos passionais - e dizia nomes e casos.
Ele me disse que por conta do ocorrido há homens que matariam a mim e àquele por quem eu me apaixonei. O exemplo que ele dá, aludindo a um sujeito qualquer, sempre foi muito pessoal. Faltou-lhe a coragem!
Ele disse que tinha muito ódio de mim, que às vezes não conseguia disfarçar, esconder...e depois disso fez o seu espetáculo de auto-comiseração, mostrando a sua magreza, o seu desequilíbrio, a vida toda fora dos trilhos...
Não entendo como ele pôde achar que a relação da gente não deu certo. Como uma relação de 10 anos não dá certo? deu certo, sim, por dez anos. Aí acabou.
Claro que meu coração ficou em frangalhos - eu tenho compaixão e, na verdade eu gosto dele, considero a amizade como uma forma de amor. Vejam, eu amo os meus amigos!
De novo ele deu um jeito para que eu notasse os tarja-preta na carteira dele, obtidos de maneira ilícita e sem prescrição alguma - grande exercício de tortura para me responsabilizar por tudo.
Mas ele também disse que estava assim porque se acostumou a ser amado por mim, porque eu era intensa em amor por ele, em atitudes e em cuidados. Pelo menos ele não negou que contribuiu para que eu deixasse de amá-lo - ah, as incontáveis traições que ele cometia, as exigências que ele fazia para vir até à minha casa (tal um popstar, determinava o cardápio do jantar...caso não houvesse como, ele não viria), os meus aniversários que ele negligenciou sob a alegação de que "era uma data como outra qualquer" (pretexto para não ficar comigo no natal e no Ano Novo - claro, havia outras preferências), a falta de solidariedade nos momentos difíceis, as explorações materiais, os meus livros que ele arremassava no chão, caso estivessem sobre a cama (cujos atos tinham o valor simbólico da mais torpe violência), enfim, uma lista infinita de motivos para não amar aquele sujeito...
E quando eu me apaixonei por outro, nos últimos dias de 2006, eu não percebi que estava apaixonada. Eu também não sabia que aquilo lá ainda era um relacionamento... e esperei uns dias para formalizar o término. Para ele, pratiquei uma alta traição.
Vivo com este fantasma chato no meu encalço.
O cara por quem eu me apaixonei já foi esquecido por mim, já é finado. E o finado assombra a vida do meu ex que, por sua vez, fantasmagoriza a minha vida.
Fico feliz pela assunção do ódio dele por mim.
Neste momentos, sigo sem salário e sem emprego, tenho um artigo para terminar, tenho um longo relatório para começar e me falta muita coisa. Mas eu estou feliz! Faz tempo que eu não digo isso, nem localizo isso.
Eu já estava feliz antes de conhecer Bruno. Ter ficado com ele só coroou a situação.
Mais motivo para estar feliz: Quando Tati soube da História (ela que é quieta, evangélica-padrão, toda certinha) se solidarizou e sugeriu uma outra trilha na UFBA onde é possível ter privacidade (ah, ela disse que os guardas têm tolerância total com maconha, mas com sexo, nada feito!kkk!)e minha amiga ainda foi capaz de achar a história bonita; Jaulla Rodrigues, por sua vez, vibrou e ficou felicíssima, sendo minha comparsa real e propondo um apoio para situação futuras. Bons motivos para eu estar bem, estar feliz.
Objetivamente estou lascada: atolada em leituras, com mil coisas para escrever até esta terça-feira, no limite da grana curta, com o computador sem memória e com problemas no modem que fazem minha conexão cair a cada minuto (não é hipérbole, viu?cai mesmo em 60 segundos), mas estou feliz.
Desesperada por emprego? estou, sim, mas ainda assim tive umas propostas na rede particular, que eu nem esperava, e conscientemente declinei delas - ou seja, terei alternativas quando me aprouver e também, minha contagem regressiva para as federais está correndo: daqui a um mês estarei desimpedida legalmente de voltar a concorrer nas federais (o prazo legal obrigatório de 24 meses expira em julho - sabem, não é? não se pode voltar a ser substituta nas federais antes de transcorridos 24 meses desde o último contrato)...
Gosto muito da pessoa com quem eu convivi por 10 anos, apesar de tantos motivos para não gostar. Gosto e me importo - apenas torço para que ele também possa ser feliz e me permitir ser feliz estando em paz com ele.

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