Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Prisioneiros de outras grades


Tem dias em que eu não quero dizer nada a C.
Não sei se as palavras me parecem insuficientes; ou se eu desisto por reconhecer minha impotência diante de alguma coisa; ou se é mais uma arma discreta que eu uso porque sei o que significa o peso do silêncio.
Minha alma vingativa pede silêncio, aquele silêncio que parafraseio de Marcos, "o silêncio frio das coisas mortas". Para quem tagarela demais, para quem compulsivamente derrama palavras, estar em silêncio é greve e é menosprezo.
Sinto muito, C., mas hoje o meu amor se mistura com uma raiva imensa e por isso eu não vou dizer nada para você.
E vou aproveitar muito quando eu estiver longe de você, C., para exercitar o meu desprendimento. E vou delongar muito a minha ausência para que também você se ausente de mim - a sombra mórbida da paixão andou assolando os jardins da minha mente. Não quero isso para mim!
Mas eu reconheço que eu errei.
Reconheço que procurei os caminhos mais terríveis para me desviar de você, para me vingar porque estou me sentindo presa e eu não escolhi estas algemas que você me impôs.
Eu estava quieta, na minha, sem olhar para os lados e aí você "Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não/Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração". Eu nunca vou achar isso certo!

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