Louquética

Incontinência verbal

domingo, 14 de novembro de 2010

O amor e suas viagens


Tenho que admitir que minhas amigas sabem muito bem o que é padecer de paixão.
Há um tempo Tella me ligou, pedindo socorro, para se desviar dos laços implacáveis da paixão. Assim, referendei as atitudes dela, de se jogar em outras direções, de forma a minimizar a importância de Júnior.
Esta foi a minha vez: Tella mobilizou muitos contatos para que eu pudesse me desviar "das trevas fundas da paixão" e em poucos dias meu telefone se agitava na razão direta dos interesses.
Numa dessas ocasiões fiquei pensando em Átila: poxa, ele gasta uma grana infinita para falar comigo e isso ocorre pelo simples fetiche.
Não deve ser barato sustentar as várias horas de interurbano num celular mantidas apenas por um capricho dele, por esta forma de desejo fetichizado que ele tem por mim...
Estávamos conversando coisas um pouco mais íntimas, codificadas devido à falta de privacidade,no caminho para o aeroporto.
Quando eu estou lá, com os mais apimentados pensamentos, vem a mensagem do crente dizendo que "Deus punirá os imorais" - e eu pensando que se Deus for punir os imorais que comece, então, pela Política e deixe a "nosotros todos" por último. Mas, não há imoralidade nos desejos, nem nas carências, nem nos desesperos de causa. Imoral é a vida que a gente leva, tão cheia de dificuldades,de dores, de escandalosos sofrimentos, de feridas tão nuas...
Até ali eu estava era com receio de viajar pela Azul, isso sim.
Encontrei a minha tia no aeroporto e, como Deus me ama, o vôo dela não era na mesma companhia que o meu. Logo me desvencilhei.
É que o amor tem isso, especialmente para mim: há pessoa que são para amar à distância. Demore-se um pouco e vem um machucado ou a vontade de ferir. E olha que eu estou falando dos meus parentes!
Quanto ao amor entre homem e mulher, esse me deixa ainda mais impaciente.
Não sei vocês, mas eu não gosto de insistir nem de medingar um tempo, uma atenção.
Acredito que quando alguém quer a gente, prioriza a gente, prioriza o encontro, valoriza o momento de estar junto, essas coisas...
Escreveram até um livro besta - ou foi um filme besta? - sobre isso, "Ele não está tão a fim de você" e por pior que seja, tem gente que não se enxerga.
Se você quer e o outro quer, isso significa o encontro de duas vontades.
Se há empecilhos no caminho, eles devem ser retirados com vistas ao fim óbvio, não é?
Então, sou intolerante, sempre fui, com o compromisso de trabalho que vai cancelar o jantar que marcamos; com o imprevisto sei lá das quantas que o impediu de estar no horário combinado para ficarmos junto e, com muita dificuldade pedôo alguma doença.
Está mais fácil eu ser tolerante porque o cara me disse que sentiu necessidade de ir ver um strip-tease com os amigos a ser tolerante com as coisas do cotidiano.
Canso rapidinho dessas coisas.
Julgo que estou sendo negligenciada e meu "Semancol" é de 1500mg, meu irmão, eu rapidinho me emendo e conjecturo que eu sou o último item da lista das prioridades,se é que sou prioridade.
Deixo minha analista de cabelo em pé, porque ela vê que eu sou sem saco para os relacionamentos - ela já disse: "Poxa, você reclama que um é novo demais; que o outro é ocupado demais; que X é ciumento; que Z é negligente..." - ôpa! não fui eu quem estudei para dar resposta ao que Freud perguntou: "Afinal, o que querem as mulheres?"
Eu vou responder por mim: "Eu preciso, eu quero ter carinho, liberdade e respeito, chega de opressão! Quero viver a minha vida em paz". Para isso servem os defuntos ilustres: valeu, Renato Russo!
Depois acham que é tudo questão de vulnerabilidade, de volubilidade. Claro que não!
Há tantas questões perpassando as nossas decisões de cair fora das relações!
Segui para Campinas e essa história será bem contada, mais por fotografias do que por palavras - é, assim fica bem explicado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário