Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A soma de todos os medos!


E não é que em minha insistência em dormir um pouco mais nesta manhã, eu acabei foi tendo um bruta pesadelo? Não é o beatiful nightmare que a Beyouncé canta, não, é um bruta pesadelo mesmo!quer dizer, bruta pesadelo na minha acepção: sonhei que eu voltava para o quartel.
Olha: não é voltar ao quartel, é voltar para o quartel, lugar de onde eu não quis levar nem lembranças, nem fotos e de onde me vieram alguns amigos os quais eu desvinculo de lá.
Era um pesadelo sombrio em que eu estava com a farda operacional, com coturno e tudo, toda deslocada, na sala em que funcionava a B/4, que hoje se chama UAFF Financeiro...ninguém faz idéia do pesadelo que é sonhar com isso, em meu caso.
Eu via todas as minhas amigas chegadas e ficava lá, aguardando para falar com o coronel - e enquanto eu esperava me dava um bruta mal-estar e eu via umas ervas baronesas, sabia que estavam cheias de rãs, imaginava a agonia da sirene de ocorrência, via a Central e o meu pavor de tirar ronda por ali.
As rãs (que não são As rãs de Aristófanes, quem me dera!)estavam em meu sonho porque numa dada noite eu acordei umas 03 da madruga para atender uma ocorrência (olhem aí seus pestes porque eu gosto tanto de dormir!meu sono foi interrompido por anos!). Ao colocar meu coturno, senti um bolinho molhadinho dentro e tentei forçar o pé...meio desconfiada, tirei o coturno e lá estava um rã, umidinha, melequenta, branquelinha, de olhinhos vivos e pretos!
Não mato bicho nenhum, muito menos os que têm ossos!
Engraçado este tipo de coisa: sendo militar, há medos que nunca me pegaram porque eu racionalizo. Daí porque quando Ilmara teve medo de uma pick up que parou perto da gente, em Xique-Xique, altas horas, eu nem me abalei.
Estávamos num grupo de 04 e eu não via como o suspeito poderia nos fazer entrar no carro, em via pública. Se um cara mal elemento abordar a gente num lugar movimentado, solicitando nosso silêncio, a última coisa que ele vai fazer é atirar.
Ele não quer ser visto, não quer ser descoberto e por isso ameaça, forçando o silêncio. Se você gritar estará livre, penso eu: quem vai querer sair atirando em shoppings, em ruas movimentadas?
Corre-se mais riscos na obediência.
Dona Marta Suplicy também ensinava, a seu tempo, a ridicularizar os tarados e até contou que certa vez, estando ela no Ibirapuera, correndo, o sujeito mostrou-lhe o pênis.
Para quebrar a tara ela disse: "Você quer me assustar com isso aí?" e literalmente desarmou o tarado.
Certamente não são todas as mulheres que têm essa frieza...eu grito e corro se isso rolar comigo, porque tenho medo de tarados.
Da vida militar ficaram algumas artimanhas, uma certa dureza com algumas situações,conhecimento sobre a vida do servidor público, boas noções dos direitos, licenças e concessões do setor público,astúcia sobre o que fazem os chefes,a certeza de que quem lê o Diário Oficial descobre é coisa e segredos, armações e beneficiamentos mil que rolam e etc.
É claro que eu não sou de isopor para conviver quase sete anos completos num lugar que não me alterasse quase nada ou que eu não pudesse alterar alguma coisa.
Não teve nenhum Capitão Nascimento, mas eu pedi para sair.
Há duas formas de humilhação muito constantes na vida militar: Uma é pedir pelo amor de Deus. Quem suplica está abaixo da linha da humilhação; outra é pedir para sair, porque denota que você não aguenta.
Não há nada melhor do que voltar a ser civil.
Eu era servil e voltei a ser civil: cidadã comum, sem ordem unida, sem Alvorada, sem escalas, sem paradas nem ordem de Serviço, sem compromisso com o Estado e pertencendo a mim mesma. Meu casamento com a vida militar acabou, embora um ou outro pesadelo me assuste.
Por fim, descubro que os INCOMODADOS SÃO OS QUE MUDAM alguma coisa em qualquer lugar. Mudei e me mudei e, como para tantos outros casos em minha vida, não há retrocesso, nem mesmo imaginariamente.

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