Louquética

Incontinência verbal

sábado, 30 de outubro de 2010

Relatório diário


Vou fazer a coisa mais chatas de todas as coisas.
Na verdade, se um namorado meu quiser me irritar de verdade, me pergunte como foi o meu dia!
Tenho que responder sempre a eles como foi o meu dia ou o que foi que eu fiz durante o dia, o que dá na mesma!
Que tal se eu dissesse como eu gostaria que tivesse sido o meu dia? nem preciso dizer: a imagem do post diz por mim - eis o que eu queria ter feito o dia inteiro!
Poxa! quer dizer, porra,eu odeio responder isso! que negócio mais chato, mais vago, mais invasivo, sei lá...
Bem, então, vamos cumprir o ritual e responder como foi o meu dia!
Hoje foi um dia bem atípico: depois de um longo período dormindo mal, finalmente notei que não estou acordando porque "uma mosca caiu no chão", como sempre me acontece. Qualquer sussurro me acorda!
O menor barulho me assanha o espírito e eu acordo - acordo excomungando a humanidade, degradando moralmente os vizinhos barulhentos, questionando a conduta da mãe de quem fez barulho e querendo enforcar os cachorros estereofônicos, sejam eles os meus ou os dos outros.
Estava eu quase dormindo, perto da meia-noite de ontem para hoje, quando meu ex me ligou porque chegou à conclusão de que eu sou a mulher ideal para ele. Eu bem poderia dormir sem essa!
Quando eu estava no auge do meu sono, sonhando com quem realmente me interessa (C., naturalmente), pontualmente à 1:49 o filho da puta do meu ex me ligou para me pedir em casamento. E eu fiquei a questionar porque, Senhor, vendem tanta bebida alcoólica a um só ser humano? e por que, finalmente, a bebedeira não poderia ser durante o dia? ainda assim, engatei um sono bom, abençoadíssimo por Morfeu e eu nem dei bola para barulho algum, nem para o burburinho matinal de minha rua em dia de feira.
Preguiçosamente me levantei, apareci na academia às 10 da manhã. Eu, que odeio acordar cedo, que odeio qualquer atividade de manhã, fui lá. E que bom que eu fui! me fez bem!
Mas aí, quando eu estava saindo está lá o Menino-Deus, me chamando para Itacaré, ele, todo lindo; ele, obra máxima de Deus - eu só não entendo porque as tentações vagam em meu caminho...deve ser para eu ceder logo e acabar com a tensão.
Meu coração está amarrado, estacionado, trancanfiado...mas eu sei que as correntes se esticaram um pouquinho na direção do Menino-Deus - um dia eu perco a cabeça...e a vergonha na cara!
Almocei maravilhosamente bem, enfim!
Quando eu estava no descanso do meu lar, assistindo ao último filme da trilogia das cores, A fraternidade é vermelha, eis que rolam Perturbações, parte II: um outro ex (neste caso, um Ex-comungado mesmo!) chegou à conclusão de que deveria me convidar para sair. Dentro de mim eu pensei que Deus deveria fazer um recall para os anjos da guarda que Ele designa para a gente. Não é possível!
Na primeira ligação eu havia dormido no sofá, de tarde, com filme e com tudo, superando o barulho de novo!
E lá vem o cara me contando que está de mudança! papo mais esquisito, porque eu contabilizei umas 03 ou 04 mudanças dele neste ano.
Ele diz que se muda por causa da vizinhança - que a violência em Lauro de Freitas bate à porta, e que num dia são uns ciganos e num outro é o povo brigando para comandar bocas de fumo...e dentro de mim eu penso, ironicamente, sobre que tipo de dentista deve tratar as bocas de fumo e o que não estaria verdadeiramente motivando as eternas mudanças daquele sujeito.
Penso que, com estes trastezinhos, eu namorei 03 e 09 anos, respectivamente e que não aturo perder nem mais um minuto com eles. Que despropósito!
Depois de uma dessas, finalmente meu primo preferido e resfriado me liga para me dizer porcarias e encher o meu saco; e em seguida vêm minhas amigas sonhando com piscina amanhã, nesta nossa chuvosa cidade. Digo que sim, mas aposto que a chuva vai descer e o sol só voltará perto das 14 horas.
Ao desligar o telefone penso em xingar todas elas, especialmente Léa, por não me acompanhar à festa de daqui a pouco no Kabanas...elas ligam de novo, reclamando por que eu não chamo mais para festa alguma.
Passo então a duvidar da inteligência das minhas amigas: Ora, não chamo porque a resposta é sempre a mesma. E se a resposta for diferente, o resultado será igual e na hora H vão desistir de sair.
Há quem veja necessidade de um relatório desses.
Se fosse o ex-grande Amor da Minha Vida, iria perguntar o que eu estava fazendo às X horas, o que foi que eu comi, o que foi que eu omiti, que meios de transporte eu usei e uma lista de detalhes irritantes.
Esse negócio de namorar gente de outra cidade é coisa de louco, gera uma vigilância besta, uns telefonemas desnecessários, um desgaste imbecil, umas perguntas disparatadas, umas exigências de relatórios...
Fidelidade é pacto difícil, eu sei. Não confiamos em homens, não é, garotas? mas pelo jeito a recíproca é verdadeira.
Sorte a minha que C. não grila com ex-namorados: ele mesmo diz, "Eu sei que se você quisesse algum deles, eles não seriam seus ex. Não permito que essas coisas transtornem nossa relação" - e eu fico toda Florbela Espanca, pensando "E olhos postos em ti, digo de rastros/podem voar mundos, correr astros,/que tu és como um deus,/princípio e fim!"...como é que eu não me apaixono por este deus?

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