Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tempo fechado


Não fosse por uma certa taquicardia nos meus sentimentos, eu diria que este final de semana foi neutro e chato. Não que não houvesse o que fazer, não que não houvesse aonde ir, mas porque realmente a chuva me desanima. E repetitivamente eu fico estarrecida diante do fato de que em Feira de Santana só chove. Mas, ok, em Salvador também chove e se não chove fica aquele clima horroroso, com um céu triste e cinzento que me arranca a ilusão de ir à praia, como aconteceu na última quinta-feira... o mar, com aquela cara triste, turva como olhos lacrimosos.
A Bahia é só chuva! pelo menos nesses cantos onde eu moro, fico e transito.
Lembro muito bem da última vez em que ignorei a chuva e fui a um show: foi numa apresentação do Skank, há uns dois anos. E quando eu estava lá, me desmanchando de dançar, desceu uma chuva torrencial que ensopou a minha roupa e a minha alegria... o que fazer? continuar dançando e aguardar a força da rinite dali a pouco.
Inventei mil pretextos para não tirar o pé de casa no sábado. Tudo pretexto, porque eu não saí porque estava chovendo, mas não é coisa que eu diga sem ouvir piadinhas e recriminações.
Ontem, ai apenas para o indispensável e até fez um sol meio anêmico, mas suficientemente ilusório para deixar os passarinhos cantando. Voltei correndo para casa e ele, C.,me pôs de novo frente a frente com os paradoxos da distância.
Eu, que já encarei 300km para ficar com quem eu amava e duas horas de vôo só para estar perto de quem eu desejava, fui incapaz de largar o aconchego do meu lar, o calor do meu edredon e ir ficar com ele. Acho que estou ficando uma pessoa complicada.
Distâncias geográficas e proximidades afetivas são pólos em conflito. Mas, quem anda em conflito sou eu, que não tenho mais coragem para desafiar distâncias e para fazer apostas nas relações - se privar do prazer para se privar do sofrimento ou da possibilidade dele, eis a minha escolha quase permanente.
Tem dias em que é preciso um enorme exercício para parar a briga que há dentro de mim.
Não gosto de laços apertados que me acorrentem - faço, desfaço, refaço os atames, mas algumas vezes, simplesmente sumo...
De tanto tentar falar sobre entropia no entorno da minha tese, acabei verificando a minha própria entropia, o caos, a desordem, as coisas fora de lugar, num temporal e numa ventania contra as quais eu nada posso fazer. Para a minha impaciência, nada poder fazer é o retrato da impotência. Nunca fui dessas pessoas que tranquilamente optam por "deixar como está para ver no que vai dar".
Mas dependo do tempo: tudo tem data.
Não posso sair atropelando relógios, nem os relógios da burocracia, nem cronogramas, nem nada...tenho que esperar. E a pressa é a inimiga da paciência.
Já foi longe o tempo em que era fácil esperar, se é que esse tempo já existiu para mim, alguma vez.
Parafraseando o Dr House, pior do que dar uma má notícia, é receber uma má notícia. E hoje elas vieram aos montes até mim. Eis uma segunda-feira de péssimas notícias. E eu nada posso fazer para melhorar as coisas, pois tudo cabe ao tempo. E para arrematar o quadro, chove para caramba lá fora.
Acho que a chuva é a cara da tristeza. Só não estou triste porque sou teimosa, mas estou bem preocupada. A verdadeira previsão do tempo é a seguinte: tempo instável com pancadas de chuvas ocasionais e tempestades de más notícias. A temperatura máxima de hoje é de 40 graus para as minhas preocupações e a mínima é de dois graus abaixo de zero para minhas friezas sentimentais em relação a certas pessoas, embora no amor as coisas estejam quentes. O tempo vai fechar!

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