Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 29 de março de 2012

Direito ao lazer




Sou fã dos mamíferos – ah, está bem, eu sou suspeita, já que sou um mamífero bípede da espécie humana ( o que não me impede de fazer burradas, de fazer escolhas que nem o mais burro dos animais faria e agir como um quadrúpede).
Tenho especial admiração por gatos e por cachorros porque vejo que eles se divertem, eles têm infância, eles têm senso de humor... Eu nunca me veria com um bicho taciturno, tipo um peixe de aquário; ou bichos mal humorados e entristecidos, fossem tartarugas ou infelizes pássaros de gaiola... Mas sei que há os seres humanos perfeitos para esses animais de estimação.
Meus cachorros fazem cabo de guerra com uma corda: inteligentemente juntam uma dupla de um lado e uma dupla e meia do outro (porque o filhote entra nessa brincadeira) e puxam, cada lado, sua porção de corda, arrastando a brincadeira para um festival de mordidas, de enroscar, de puxar, de correr... E eles têm brinquedos e têm curiosidade pelas coisas, por borboletas e besouros, por objetos, pelas pessoas – ah, eles conhecem as pessoas e sabem quando estão tristes ou alegres.
Também os meus gatos são inteligentes, para brincar e para pedir água ou comida – sabem me chamar, sabem pedir atenção e adoram brincar entre si. Acho que reconhecem o peixe de pelúcia e o distinguem do golfinho; conhecem a textura e a resistência dos brinquedos de plástico. São loucos por brinquedos que fazem barulho, mas se for barulho alto, eles se assustam – parecidos comigo.
Não entendo por que eles mordem tanto as coisas – eles, todos eles. Assim um deles destruiu meus sapatos novos e mesmo meu cachorro mais velho, na infância dele, detonou, roeu e destruiu uma blusa caríssima, minha. E também eles roem os brinquedos e têm ciúmes de alguns brinquedos. Agora não tem mais nada em casa: o último brinquedo foi destruído ontem, mas acho que os bichos mordem e coçam as gengivas com eles – e lá vou comprar mais, amanhã. E tenho um séquito de seguidores que já se prontificaram a ir comigo fazer essas compras que não podem ser em pet shop, obviamente, que só tem brinquedo caro e sem graça. Acho que os meus amigos se aproveitam de minha saída às compras para disfarçarem que compram para os bichos deles também... Sempre compram, mas tem esse povo moralista que fica enchendo o saco, alegando que tratamos melhor aos animais do que às crianças... Bem se vê por que não sou mãe: porque quero ter a escolha e já a tenho, para amar a quem eu quiser e cuidar do que me aprouver. Assim, amo meus bichos. E amaria crianças se as tivesse, o que não me impossibilita de amar outras crianças porque elas não disputam o meu amor pelos bichos, que também precisam ser amados e cuidados.
Mais cachorradas fazem uns seres humanos e, mesmo assim, os amamos.

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