Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 26 de março de 2012

Harém de tudo


Estive fora do ar, atolada em trabalho. De novo, para mim, nada melhor do que chegar em casa.
Sempre que demoro fora de casa, entendo melhor o significado real de “minha casa é meu reino”, mas isso não quer dizer que tenha sido ruim estar fora.
Rio de algumas continuidades e de coisa fúteis e bobas lá pelas terras longínquas por onde andei, como o fato de eu constatar o desgaste do sofá da sala do Bigbrother local. Tá, não tem nada demais, mas é que não se justifica e parecem unhas de gatos, apesar de não haver gatos por lá...
Também acho engraçado – e tem aqui uma assumida dor-de-cotovelo que se relaciona com a minha condição de mulher e não da pessoa em lide, em si, já que ele pouco me interessa, aliás, como homem ele significa tanto quanto um pedaço de isopor, é meu amigo e eu nunca olhei para ele com outras intenções mesmo – a força da palavra poética, aqui ironicamente tratada por mim.
Nunca escondi que tomei algumas boladas nas costas por cair em papo de poeta. Acho que eles formam a casta dos cafajestes disfarçados de artistas sensíveis e as mulheres que se enrolam com um deles nunca saem ilesas.
Acho que me assustei foi com o tamanho do harém.
Não obstante, até moças desavisadas e recém-chegadas foram experimentar in loco a palavra poética – o que me deixou constrangida na condição de testemunha. Aqui, eis o problema da Modernidade: não a superação, mas o convívio entre o velho e o novo. Aí, acumulam-se as de ontem e as de hoje, na mesma e velha disputa para ver quem será a “única”, apesar daquela que se pensa única tentar oficializar seu monopólio colocando frágeis símbolos no dedo anular de ambos.
De todo modo, elas convivem: fica o dito pelo não dito. E elas são muitas: isso não vai acabar bem.
Quem acha que finalmente eu esboço uma nítida inveja, acertou: se fosse uma mulher a protagonizar tamanha rede de relacionamentos e sustentar um harém masculino (deve haver um nome próprio para isso), o mundo desabaria. Depois, sempre me queixei de que saí de lá com uma lamentável conduta ilibada, quando eu queria é deixar meu nome inscrito no rol dos escândalos e lascar no meio esse meu superego.
O outro lado das coisas é solidariedade feminina: elas se machucam. Começam se divertindo, mas se machucam... e tenho pena das mais fracas porque elas sofrem mais e têm mais esperanças de vencer a luta que, na verdade, já está perdida por todas, até por quem pretensamente já venceu. O caso é que não muda. Nada muda. Mulher é mulher, cafajeste é cafajeste. E quando um encontra o outro, pimba!

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