
Estive fora do ar, atolada em trabalho. De novo, para mim, nada melhor do que chegar em casa.
Sempre que demoro fora de casa, entendo melhor o significado real de “minha casa é meu reino”, mas isso não quer dizer que tenha sido ruim estar fora.
Rio de algumas continuidades e de coisa fúteis e bobas lá pelas terras longínquas por onde andei, como o fato de eu constatar o desgaste do sofá da sala do Bigbrother local. Tá, não tem nada demais, mas é que não se justifica e parecem unhas de gatos, apesar de não haver gatos por lá...
Também acho engraçado – e tem aqui uma assumida dor-de-cotovelo que se relaciona com a minha condição de mulher e não da pessoa em lide, em si, já que ele pouco me interessa, aliás, como homem ele significa tanto quanto um pedaço de isopor, é meu amigo e eu nunca olhei para ele com outras intenções mesmo – a força da palavra poética, aqui ironicamente tratada por mim.
Nunca escondi que tomei algumas boladas nas costas por cair em papo de poeta. Acho que eles formam a casta dos cafajestes disfarçados de artistas sensíveis e as mulheres que se enrolam com um deles nunca saem ilesas.
Acho que me assustei foi com o tamanho do harém.
Não obstante, até moças desavisadas e recém-chegadas foram experimentar in loco a palavra poética – o que me deixou constrangida na condição de testemunha. Aqui, eis o problema da Modernidade: não a superação, mas o convívio entre o velho e o novo. Aí, acumulam-se as de ontem e as de hoje, na mesma e velha disputa para ver quem será a “única”, apesar daquela que se pensa única tentar oficializar seu monopólio colocando frágeis símbolos no dedo anular de ambos.
De todo modo, elas convivem: fica o dito pelo não dito. E elas são muitas: isso não vai acabar bem.
Quem acha que finalmente eu esboço uma nítida inveja, acertou: se fosse uma mulher a protagonizar tamanha rede de relacionamentos e sustentar um harém masculino (deve haver um nome próprio para isso), o mundo desabaria. Depois, sempre me queixei de que saí de lá com uma lamentável conduta ilibada, quando eu queria é deixar meu nome inscrito no rol dos escândalos e lascar no meio esse meu superego.
O outro lado das coisas é solidariedade feminina: elas se machucam. Começam se divertindo, mas se machucam... e tenho pena das mais fracas porque elas sofrem mais e têm mais esperanças de vencer a luta que, na verdade, já está perdida por todas, até por quem pretensamente já venceu. O caso é que não muda. Nada muda. Mulher é mulher, cafajeste é cafajeste. E quando um encontra o outro, pimba!
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