Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 19 de março de 2012

No nada



Ah, sim, a santa curiosidade pelo "nonada", que quer dizer isso mesmo: No nada.
E para não ser injusta, deixo transcritas as primeiras linhas da narrativa de Guimarães Rosa, do único livro dele que vale a pena (reitero: odeio os contos, todos, todos!),pelo menos para mim, Grande Sertão: Veredas.

NONADA. TIROS QUE O SENHOR ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar.Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu –; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir,instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão.

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