Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A lição dos cafajestes


Depois digam que um raio não cai duas vezes num mesmo lugar! E quem assistiu ao Curioso caso de Benjamin Button deve ter rido tanto quanto eu com um certo personagem, já velhinho, que a toda hora tinha uma história para contar sobre um raio que o atingiu, em situações diferentes, em datas diferentes, mas ele sobrevivia.
Então, alguns raios costumam cair na minha cabeça. Não estou nem aí: vai que eu seja filha de Yansã?
Mas, sendo ou não sendo, ontem eu perguntei a ele:
- Quando foi mesmo que você me viu no meio daquela multidão?
Ele reticente...
Eu, perseguindo a resposta:
- O que te fez sair correndo atrás de mim?
Ele ainda mais reticente.
Eu, insistente:
- Por que você correu atrás de mim? Por que?
Ele, desviando:
- Ah, eu achei interessante, super interessante...é...sei lá...
Eu, apertando:
- Sério, por que você correu atrás de mim?
Ele, finalmente:
- Poxa,isso me deixa desconfortável, sei lá, vai te desencantar, não sei...
Eu, já antevendo a decepção:
- Pode falar! O que é que tem? o que poderia ser tão terrível? você me seguiu?
Ele, com o coração na mão:
- Ah, droga! não quero responder! não posso responder!
Eu, desesperada de curiosidade:
- Poxa, pode falar! me diz! por favor, me diz!
- Ah, foram sua panturrilhas, suas pernas...e eu não esqueço, seu vestido de bolinhas, suan postura, sua pressa...mas, eu sou de carne e osso: olhei a sua carne!
Eu, contrangida e sem jeito: silêncio!
Ele, se arranjando:
- Eu pensei: "Que outra oportunidade eu teria de encontrar você? Não tinha jeito, eu tinha que correr atrás de você arriscar, não tinha outro jeito...arrisquei, apostei tudo!"
Mas, vejam que eu fico infinitamente lamentando essas coisas com a analista e ela se esforçando para me mostrar que a estrutura psíquica dos homens é outra: qual é esta história de beleza interior! Só se for assim: passa-se a mão na capital, imagina-se o interior; ou, uma vez no interior de uma mulher, beleza!
De cafajeste eu conheço todo tipo.
Tenho um primo cafajeste, super cafajeste. Ele usa aquela música de Léo Jayme como se fosse um hino pessoal:
"Eu sempre estive a fim
E você sabe disso
Eu só quero te comer,
Não quero compromisso".
E todo o impublicável resto da música, com ênfase para: "Sônia, eu já deixei de ser aquele bom rapaz/ Oh, SÔnia, você não imagina do que eu sou capaz..."
Mulher que tem um pingo de juízo aprende sobre os homens com os homens de sua casa: se você vê seu pai trair sua mãe, seu irmão ser cheio de namoradas, seu primo colecionando mulheres e inventando desculpas esfarrapadas para aquelas bobinhas que nem percebem que ele as chamam de "bem", "querida", "amor" e "gatinha" para evitar confundir os nomes, bem, minha amiga, porque você acha que os demais homens serão diferentes desses aí? vai, boba, se achando super especial - pense aí em quantos desses seus parentes do sexo masculino têm duas namoradas, deixando uma em casa perto das dez da noite e partindo para a casa da outra em seguida, justificando seus maus horários a partir dos trabalhos, dos afazeres e outras balelas?
Pois é, mulheres, aprendam!
Mas, voltando ao rapaz de quem falo, olha só, todo o esforço para forjar situações românticas, mil torpedos, telefonemas, palavras, carinhos e demonstrações explícitas de interesse quando, na verdade, o cretino olhou foi para as batatas das minhas pernas.
Eu estudo, eu trabalho, eu me esforço e, na verdade, o que interessa são as batatas das minhas pernas - isso significa que a partir da panturrilha ele fez outras conjecturas.
Então, eu que também sou humana, é claro que me entusiasmo pelo exterior. Eu já admiti: a beleza me hipnotiza, me domina - o meu inconsciente sempre vai para Thales quando eu falo em beleza, porque, não tem jeito, ele me domina por aquela beleza, por aqueles olhos cor de violeta, pela altura, pelos cabelos tão gostosos de tocar, pelas mãos macias... - mas nada funcionaria se ele não fosse tão cavalheiro.
Seguindo a teoria do Carcará, que por sinal, passou ontem no GNT no documentário sobre Maria Bethânia, numa interpretação tão forte(Maria Bethânia cantando o Carcará me deixa menos impactada por minhas decisões de tentar vencer os laços morais em que me envolvo para me proteger), lá vou eu em minhas tentativas.
Não acho que esse rapaz vá para o segundo turno, não. Para ser exata e bem franca: ele realmente não vai para os segundo turno!
Estou muito tendente à celebridade. Para ser sincera os dois outros candidatos têm e sempre tiveram chances bem maiores que este aí da pauta (que é gato, mas é baixinho). Meu caso é insegurança: tanto o Menino-Deus quanto a Celebridade são super assediados.
A Celebridade não é um homem bonito: ele é poderoso e charmoso, de uma beleza discreta que se completa no cavalheirismo, na delicadeza com que ele fala com a gente, na personalidade com que ele se veste e escolhe o perfume...poxa, um homem completo, nos seus 35 anos! mas deve ter os defeitos e os problemas de todas as pessoas que têm fama e poder, tanto assim que ele nunca diz o nome dele quando indagado, ele diz o nome artístico.
O nome real dele está na formalidade das listas e dos documentos - ah, que engraçado, encontrei o nome dele antecedendo o meu numa certa publicação acadêmica. Brinquei,por dentro, ao pensar coisas e fazer trocadilhos previsíveis e erotizados...
Temo descobrir que ele é nojento e esnobe. Será? sei que adoro quando ele senta ao meu lado e fico escrutinando o estado civil dele, exatamente como ele faz comigo - aleluia, somos solteiros!
O Menino-Deus é um problema: lindo! eu não sei dizer mais nada além disso: lindo! e sabe cuidar de mim!
O Menino-Deus tem 27 anos, graças a Deus!e tem uma força muito além do que qualquer força física, mas ao mesmo tempo é dócil e doce, sedutor, alto, atlético, de cabelos pretos e macios, uns olhos lindos, uma boca linda, simétrica, convidativa , enfim, uma boca linda como todo o resto.
Essa, entretanto, não é uma opinião isolada.
Brinco de eleger alguém, mas o caso é todo contrário...com tanta gente atrás deles, posso ser apenas um apêndice do narcisismo dos dois - dos três, mas é que no primeiro caso eu sei que só dependia de mim dar a palavra final e declarar.
Não sei quanto eu aguentaria ver o assédio de todas elas sobre eles.
Vejo a situação das minhas amigas, desesperadas de ciúmes e inseguranças...e vejo os meus amigos mais confiáveis, aqueles mais acima de qualquer suspeita escorregando sorrateiramente em camas e lábios de outras mulheres.
Sou covarde para estas coisas.
Vejo que gosto de curtir a espera, que um relacionamento é sempre um grande investimento emocional que eu suponho não estar preparada - ah, mentira! mentira deslavada! o caso é que eu gostaria de ficar Carcará um pouquinho, de curtir a diversidade e ficar avulsa por um tempo...é tão gostosa essa fase da conquista, do flerte - se bem que eu ficaria, sim, um bom tempo com o Menino-Deus ou com a Celebridade.
Por mais que pareça cinismo, não tenho ninguém: nenhum deles é meu namorado, meu marido, ficante, HDM ou P.A., nada mesmo! uma situação dessas, se for dentro de um programa televisivo, não tem nada demais. Já na vida real,corre-se o risco de ser taxado de degeneração moral, galinhagem, periguetagem ou afins.
Mas, voltemos aos raios: o raio caiu de novo sobre a minha cabeça. E eu fiquei elétrica!

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