Louquética

Incontinência verbal

domingo, 5 de setembro de 2010

Tem remédio?


Tenho uma paixão louca pelos Beatles.
Quando vi no anúncio da Groove que neste sábado, dia 04, ia ter uma noite de Beatlemania, a compulsão veio logo, bateu forte, bateu precisa e com voz decisiva: eu vou!
Não racionalizo essa paixão - sim, isso desconstruiria tudo porque eu iria ver que as letras são bobinhas, que os acordes são repetitivos e que essa música nem é da minha geração (ah, atravessa gerações, my friend!)- diga a um apaixonado que as coisas não são como ele construiu!
Diga a um apaixonado todos os defeitos, as falhas, as insuficiências do seu objeto amoroso! Não dá em nada: a paixão cega - e olha que às vezes cega tanto que a gente chega a achar que é plena ou proporcionalmente correspondido.
Fiquei surpresa por gente super-bem-mais-nova que eu saber todas as letras, se deslumbrar, participar...poxa, foi uma delícia mesmo!uma coisa é ouvir o CD em casa, trancar tudo, dançar, relembrar coisas...mas a força da música ao vivo, quando o cover é bem feito, putz, é incomparável!
Rodrigo Jatobá: Nunca mais vou esquecer esse nome. Bem, nem o nome nem a cara dele, nem ele todinho, porque vai ser lindo assim na casa do careca!vocalista gato e competente. Mas, como nem tudo é como os sonhos ditam, a aliança de sei lá o que (não, gente, eu não sei quando é noivo, quando é casado...eu só sei que alianças me afugentam)reluzia, gigantesca, grossa, brilhante no dedo anular.
Mas, enfim, eu nunca tinha ido à Groove - ensaiava de ir, mas o povo com quem fico em Salvador é sempre o mesmo povo mumificado, que come gordura e se acaba de álcool, não tem fogo no espírito para ir dançar, para se mexer.
Tenho medo de ficar de bobeira na Barra, embora tenha a familiaridade do tempo em que morei por lá - por isso mesmo, sei o que aguarda os incautos nos becos (gente querendo te empurrar todo tipo de droga e drogados armando extorsões). Então, fui direto de táxi para a festa. Ando só e ando muito segura porque se perguntam se eu estou sozinha, geralmente respondo que não, porque estou com todo mundo ali na festa. Se, entretanto, me perguntam com quem eu estou, a depender do interlocutor, dou outras respostas ou admito que não estou em companhia de ninguém em especial.
Sempre que saio para festas assim, ao longe (ultimamente tem sido para qualquer tipo de festa)me dá a maior culpa porque penso nos textos inacabados e no que ficou à espera da leitura. Mas, os Beatles são os Beatles e tem gente que faz pior só para ouvir um Balaquebaque de Ivete Sangalo, se é que esta riquíssima música se escreve desse jeito.
Quase fico com Harry Potter.
De novo, todo mundo lá era baixinho, igual ao resto do mundo, cujo contingente masculino resolveu encolher, pelo que vejo. Parecia que todos tinham até um metro e sessenta. Não mais, independente de idade.
Depois de Harry, que eu não fiquei por pura vergonha (tá bom, ele devia ter 1,70, mas era a cara de Harry Potter, se chamava Maurício e era mauricinho e criança), conheci um babaca. Uau, babaca padrão. E babaca que é babaca demora uns 05 minutos para revelar a sua identidade secreta (de Super Babaca).
Eu estava indo ao bar, pegar uma água. Ele me interceptou, pegou em minha mão - eu fui cordial e evasiva, saindo, seguindo meu caminho, atravessando para a parte vazia do bar.
Ele gritou a minha água por mim. Ele lançou o cartão de consumo dele sobre o meu, para que a despesa ficasse por conta dele - e eu, constrangida, agradeci, disse não ser necessário, mas a miserável da garçonete pôs no cartão dele.
Bom,lá vem ele: "Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha...", como disse a Teresinha do Chico Buarque.
Como eu não estava à venda e após uns minutos de exposição à babaquice do sujeito eu realmente me impacientei (foram 05 minutos em que ele disse que morava em Feira, se arrependeu, disse que morava em Salvador, disse ter estado em São Paulo ainda naquele dia, blablablá e, por seu turno, ter também se tocado de que, de fato, ele não me impressionaria...ah, infinitos minutos), educadamente eu disse tchau. E voltei para a pista, fui dançar.
Aí é que vem o poder da ciência: porque inventam tantas drogas, tantas cirurgias, tantas intervenções,tantos procedimentos, mas ninguém inventa uma porcaria de um remédio para que as pessoas esqueçam as mancadas da noite anterior?
Tinha um fofo, lindo, maravilhoso, me dando a maior bola, dançando comigo, mas aí "muy boracho!" e eu odeio bêbado. Só penso nas consequências. Dispensei o gato - e era gato, não era qualquer coisa, não, mas ele já estava perdendo o senso, na fase 03 da bebedeira (tem escala aí? depois eu posto aqui, tá? acho que amanhã eu posto aqui, caso alguém não saiba as escalas da bebedeira). Para todo efeito, se o cara está no estágio 03, ou vai acabar no choro, no riso ou no chão. Estou fora.
Só para não perder a oportunidade: "O segundo me chegou como quem chega do bar/Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar/Indagou o meu passado e cheirou minha comida/Vasculhou minha gaveta, me chamava de perdida" - só para esclarecer, ele não me chamou de perdida (putz, nem sei se ele conseguia falar, balbuciar qualquer coisa) e foi o terceiro, não o segundo, tá? é que para tudo eu meto uma trilha sonora. Neste caso, é que a letra tem tudo a ver.
Comecinho da madrugada, a hora da besta chegando, fui dançar num escondidinho no fundo da boate, porque tinha mais espaço. Pronto! vem tudo que eu queria esquecer: é, eu peguei um idiota! Ah, Lascaux! Lascaux geral, mademoiselle!
Menino chato, da boca gostosa: Léo. Às duas da manhã como é que eu resolvo esse paradoxo?
Mãos perigosas, comportamento exibicionista, mas enfim, se alguma coisa me interessa eu fico. Fiquei. Só que me enchi e daí a desgrudar estava um trabalho só.
Para a minha sorte, uma horda de Babacantropus Erectus de Neanderthal começou a brigar.
Briga em lugar chique é abafadinha rapidinho - eu só vi a coisa ficar feia e os seguranças se multiplicando...os primitivos trogloditas cairam na porrada.
Aproveitei a deixa, mas o peste do menino não me deixou.
Enfim, na minha terceira fuga o menino se tocou de que eu cansei - que porre!
Mas, então, quero que alguém trate de lançar este remédio para o esquecimento.
INDICAÇÕES: ressaca moral, micos, saias-justas, embaraços, gafes, crises amorosas, relações conturbadas, paixões por pessoas erradas, faltas morais graves, deslizes sexuais e situaçõe similares.
POSOLOGIA: 2 drágeas, a cada hora, por 48 horas seguidas, no mínimo.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Bom, pode ser consumido com álcool, para potencialiar o efeito do esquecimento.
REAÇÕES ADVERSAS: Você vai esquecer as reações adversas mesmo, nem vale dizer quais seriam elas.
Bem, eu precisaria de pelo menos uma caixa com cem comprimidos de 300mg.
Eu estou é com dor de cabeça, parecendo um gato de pensão, jogada no sofá e sonolenta, com um sono que nunca avança para o dormir mesmo, nem após a festa eu dormi direito, não mais que 04 horas de sono... amanhã eu tenho aula, em pleno feriadão eu tenho aula! eu fico passada com isso! eu tenho aula num dia em que há outra festa boa na Groove, nesta segunda-feira pré-feriado de Independência.
Aula mesmo: até às 18 horas e 10 minutos, com engarrafamento posterior e rodoviária lotada, caso eu queria voltar para Feira. Está aí mais uma coisa que não tem remédio.

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