Louquética

Incontinência verbal

sábado, 8 de janeiro de 2011

Múltiplas escolhas


A vida é feita de escolhas: as que a gente mesmo faz e arca com o lucro ou com o prejuízo, as que fazem e que nos afetam e aquelas que a gente pensa que não faz, deixando, de fato, de fazê-las, mas pagando o preço da omissão e da negligência pela não-escolha.
Difícil é escolher certo. Sempre tive problemas com isso.E é algo que está em minhas brincadeiras, quando eu digo; "meu amigo, resolve aí minha vida por mim, que eu volto mais tarde, viu?" - como aqueles pára-choques de caminhão que dizem: "Fui ali ser feliz e já volto!".
Para, de novo, patinarmos no óbvio - porque além de eu não ser candidata ao quesito originalidade, adoro o recorrer ao óbvio como adoro o acaso - vou dizer que escolher algo é declinar da outra opção. Às vezes é assim. Às vezes, não: a gente tem as múltiplas escolhas. E há as múltiplas escolhas somatórias e aquelas em que uma sentença errada elimina a certa e umas outras em que se você erra uma das opções, mesmo acertando muitas outras da mesma questão,zera todo o quesito.
Parece prova de vestibular? ah, é isso mesmo: bem óbvio.
Chega um tempo que você ganha os macetes, estrategicamente, como aqueles recursos de memorização de cursinho (decora-se a musiquinha, a sigla, sei lá) e decora-se a palavra-chave, tipo: em qualquer questão de Literatura em que haja o nome de Castro Alves, a alternativa certa será aquela que trouxer a palavra Condoreirismo (e aí, se tu não sabes o que é um condor, não precisa ficar com dor, nem com dó de si mesmo, porque afinal isso acontece!).
Lembro como foi que eu aprendi a conjugar verbos cavernosos, como o verbo MEDIAR, que flexionado nas primeira e segunda pessoas do presente,no modo indicativo fica de maneira horrorosa como Eu MEDEIO, Ele MEDEIA, contrariando as pronúncias que vemos por aí.
Conjuga-se tal como se conjuga o verbo ODIAR: odeio,odeia,enfim...E para isso, a fórmula: MÁRIO.
Sim, você não leu errado: Mário: M de Mediar e assim vai até o O de Odiar.
Nas coisas objetivas da vida - e aí a gente chama de prova objetiva essas de marcar X, em que o conhecimento pode vigorar bem menos que a sorte - pode ser assim e você achar que é um cara phodão, experiente, que sabe todas as fórmulas da vida.
Pode ser que suas escolhas não sejam certas, mas produto de sorte.
Aí entra o amor. Tia Rita Lee canta: "sexo é escolha, amor é sorte".
Aprendo que amor é risco, aposta, loteria...leva a melhor quem tem mais sorte. E se você tiver um mínimo conhecimento, vai te ajudar, mas não determina sucesso sempre.
Para mim, que sou professora, é dose entender...ora, deixa eu largar o cinismo: eu não só não entendo como realmente detesto quem não gosta de ler e quem não gosta de estudar. Falei disso hoje, no café da manhã, com minha amiga - ah, sim, pausa para explicar que eu até agora nem considero que dormi e amanhã de manhã tenho que negociar com o Capeta e, por isso, eis que troquei os embalos deste sábado à noite por uma festa ontem à noite, como sempre, do cover dos Beatles, na Groove, mas foi lá uma festa insossa.
Não entendemos como alguém possa declinar de estudar, de ler,não dá.
Mas quem disse que a gente está certa? são valores para nós, mas a vida acontece com ou sem literaturas,com ou sem estudo, a vida continua e a humanidade não acaba por isso.
Mas, entenda que você sempre tem escolha.
Falar mal dos outros não vai te tornar uma pessoa melhor, bem como dizer que alguém é gordo não te torna magro e fazer esses bullings de adultos, catando estados de peitos, pernas, celulites e afins apenas váo deslocar olhares, não vão melhorar a sua vida. Isso também é uma escolha.
Você pode criticar quem está gordo ou olhar para si e resolver entrar em forma.
Sou humana, também olho, também falo mal. Mas eu me vigio de modo a não afetar o bem-estar dos outros e, afinal, não tem gorduras nem celulites que sejam mais importantes do que minha vida própria, para ser redundante e clara.
Temos escolhas: entre espalhar o mal, o mal-estar, a fofoca e o menosprezo ou simplesmente cuidar de nossas vidas, deixando o outro em paz...há múltiplas escolhas aí, porque você pode criticar ou reparar e comentar de modo a que o outro tome providências.
Quando nossa vida está uma droga, muitas vezes o único responsável é a nossa escolha, somos nós. O velho caso que citei num outro post: você repara no monstro ou na paisagem?
Não vivo sem música, sou elétrica, sou neurótica, sou histérica, mas não sou de mal com a vida: nem me lembro quando acordei mal humorada, soltando pragas ao vento.Agora, eu sei reclamar e reclamo para caramba!
Nas minhas escolhas, depois dos hábitos comuns do acordar, vou diretinho à VH1 colocar a TV nos videoclipes, cantar ou só ouvir e ir tomar meu café. Mas aí são as minhas escolhas - eu nunca escolheria acordar com uma valsa, nem com a música de bom gosto, erudita, instrumental, requintada.
Não vou acordar com Ivete Sangalo, né? aí pelo amor de Deus! nem com "Foge Mulher Maravilha, foge Superman", que eu não sei quem canta e que todo mestre-do-bom-gosto" vai fazer de conta que nem sabe do que se trata...também não é minha praia (não faz parte de minha playlist). Mas acordo em paz e faço barulho no banho, no meu banho demorado...depois do café e do banho, aí, sim, que venham as coisas externas(das quais, as que me tiram o humor).
Mas eu já nem sei onde este post vai me levar porque eu tive uma alegria imensa há poucos minutos, felicidade gostosa, gratuita, obra de uma escolha dele.
Mesmo tendo um encontro com o Capeta amanhã de manhã, estou feliz , fiquei feliz...nem sei quanto vai durar, mas ganhei um presente dos sonhos, tão de surpresa que nem sei quando é que meu coração vai voltar a bater no compasso certo...disritmia é um preço baixo para a felicidade, não é? façam as suas escolhas, façam as suas apostas.

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