Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A vida sexual da mulher feia


Estando à toa na vida, deambulando pelo aeroporto que mudou de nome - sabe, né, o Homem amava tanto aquele filho, que a Independência da Bahia foi para as cucuias e, adeus 2 de julho! remexa-se a memória histórica - quando resolvi dar um tempo pela livraria.
Conheço muito bem livraria e biblioteca para saber que as coisas são catalogadas pelos títulos e não pelas fichas catalográficas em si e, como eu tinha um bom tempo até o horário do meu vôo, fiquei ali, apenas me desviando das prateleiras pretensamente espiritualistas e de auto-ajuda.
Lá para as tantas, eu vi: A vida sexual da mulher feia.
Ôpa, será indireta para mim? será que é bom?
Nem abri o livro. Parei, olhei e pensei: seja lá como for, sabem que a mulher feia tem vida sexual.
Se você parar para pensar na machista teoria do violino - segundo a qual, com mulher feia o homem deve agir como o violinista, virando a cara e passando a vara - estas pérolas da cultura patriarcal brasileira que, eu que não vejo igualdade entre os gêneros, fico ouvindo e memorizando,dizem muito. Cada preconceito sempre diz muito.
Mas o fato é esse: a mulher feia tem sexualidade e tem vida sexual. Caso contrário, as mulheres fora do padrão de beleza não teriam filhos, nem casamentos, enfim.
Que nós mulheres somos condoídas e invejosas, não há como contestar, mas reparo que quem destrói a beleza da mulher é o homem.
É ele quem passa a chamar a mulher de tribufu, de Dona Onça, de termos depreciativos. No geral, casam-se com as gatas. Após um tempo, as gatas viram onças feias e irritadas.
Claro, há as que se auto-desprezam.
Há quem realmente largue mão de si própria e aí, é aquela velha receita que eu já falei aqui: a miserável da mulher quer dormir com camiseta de campanha de Deputado, com uma calcinha de elásticos corroídos e uma touca na cabeça que, na verdade, um dia foi uma perna de meia-calça, e ainda quer que o companheiro ache que ela está sexy.
Mas, voltando à vida sexual da mulher feia, livro que eu nunca li, me meti atrás da sinopse e vi que era ficção. Por sinal, a protagonista tem um nome miserável, parecido com o meu nome real, Jucianara. Eu me mataria se eu fosse Juci, sabe? ia piorar tudo, mas se a gente já foi condenada a um nome esquisito, o Destino está traçado. Eu, que não acredito em destino, me viro, tá? mas e quem acredita?
Ela amortiza o nome que lhe deram, preferindo ser chamada Ju, como eu, por preferir Mara.
Mas o livro parece bom, traz até a feiúra como um estado de espírito, não é só uma constatação de uma cara lá não muito atraente.
Eu sou a favor de qualquer coisa, qualquer intervenção que a pessoa queira para mudar para melhor.
Penso sempre em quem foi caçoado na escola, na adolescência, quem recebeu apelidos e um dia pode fazer uma plástica e se livrar de algo que foi causa de traumas, de dor.
Eu só sou medrosa - e lisa - mas não tenho nada contra plásticas, lipoaspirações, transplante de cérebro, tudo vale a pena.
É muito bom se olhar no espelho e gostar do que se está vendo - eu queria era lembrar quem foi o filósofo que disse que "quem não desejar ter com loucos, evite os espelhos", mas que algum filósofo disse, disse.
O livro é de autoria de Cláudia Tajes, autora descrita como uma morena linda, quarentona e poderosa. Vou ler, com certeza, quando o tempo permitir...ou se o próximo vôo que eu for tomar demorar muito.
Mas, se a pessoa está se sentindo um trapo, que use os meios de que dispuser para estar melhor.
E se a pessoa já está se achando, que melhore ainda mais: acho lindo quem se ama, quem gosta de se ver sempre melhor, quem faz da cara um cartão de visita e grita em seu silêncio: sou vaidosa, sou vaidoso, gosto de mim, gosto de me sentir lindo, linda!
Fico é feliz pelas mulheres intelectuais de hoje em dia não serem aqueles seres anódinos de camiseta básica e calça jeans, de roupa de Mercado de arte e chinelão de couro, com medo de parecerem fúteis.
Por isso deixo, também, a música da banda brasileira Copacabana Club como referência, porque quem quer deve mudar, mudar porque quer mesmo.

Just do it
just do it do it do it cause you want it
just do it do it do it cause you like it
do it do it do it cause you feel it
not because you saw it
you can do a song
cook your food
clean your house
you can use a thong
be so rude
kiss my mouth
you can pierce your nose
sew your clothes
dance alone
you can make some friends
form a band
or sing along
just do it cause you want it
not because you saw it
just do it cause you want it
not because you saw it, not because you saw it, yeah!
just change it change it change it cause you want it
just change it change it change it cause you like it
change it change it change it cause you feel it
not because you saw it
you can change your hair
change your house
change your life
you can change you sex
change your friends
change your wife
you can change your shoes
change your pants
change your style
you can change your face
change your boobs
change your smile
just change it cause you want it
not because you saw it
just change it cause you want it
Not because you saw, not because you saw it.

P.S.: Da vida sexual do homem feio ninguém fala, porque basta ele ser heterossexual para já estar em vantagem, nesse mundo de tão poucos exemplares da espécie, né? é sucesso!

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