Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A insistência é a mãe do cansaço


Uma das coisas mais irritantes da vida é ter que lidar com gente interessada na gente quando, no caso, a tal pessoa não nos interessa.
Isso remete a uma ideia de que, se declinamos da investida do candidato, somos nós os poços de soberba, de orgulho, de auto-confiança. Entretanto dá-se o contrário: é o interessado quem se acha, quem se julga irresistível e que, diante do nosso "não',o traduz como charminho, como jogo de sedução de nossa parte.
É deveras cansativo ter que sair enumerando com um bando de explicações e de sinônimos que não queremos namorar a criatura, que não há interesse, que não é recíproco...olha, não sei mais que distância inventar para afugentar aquele ser humano insistente.
Pior que ele são nosso amigos em comum, procurando paridades, mostrando o quanto o cara é legal, "ah, pobrezinho!", enquanto, no meu caso particular,eles dizem a entredentes o quanto eu (a megera) sou insuportável, que prefiro ficar sozinha a tentar ser feliz ao lado do "mala".
Mala= bagagem pesada a carregar; pessoa desagradável, fardo, enfadonho. É que tem que ser assim, explicadinho.
Por que ainda não inventaram repelente de maus pretendentes? não deveria ter?
Dizem que existe o estilo de moda "espanta-bofe", ou seja, umas roupas que afugentam os homens - basicamente aquela indumetária tipo Mc Hammer, com horrorosas calças sarouel ou boyfriend, cores no estilo disco-club ou clubber, sapatos plataforma com saltos pesados horríveis, tipo cavalgadura, bom, essas coisas aí. E deveria haver o spray repelente de homens que não nos interessam.
De vez em quando eu penso no caso dele, para ver se ele desgruda, se desiste. Mas não tem jeito não.
Isso os homens não entendem: mulheres são seletivas. Preferem ficar soinhas a ficar com quem não lhes agrada. É preciso muito desespero de causa para a gente tentar ficar com certos tipos.
O cara de quem eu falo é como o Johnny Bravo, do Cartoon: não tem quem faça ele se tocar de que ele deve desistir, que as mulheres não estão à disposição dele e que se houver quem esteja, não me inclua nesse rol.
No outro lado da história, cheguei em Feira após uma tarde burocrática em Salvador, à moda do "Carimbador Maluco" ("Tem que ser selado, registrado, carimbado,avaliado, rotulado...")e dei de cara com L. E., que me pegou numa ligação que, editada, confirmou as suspeitas dele sobre minha provável patricice.
Ora, meu Deus! eu odeio gente desleixada. Acho que mulher tem que usar batom, tem que usar esmalte, tem que ter acessórios e que qualquer simplicidade pode ser feminina, básica e feminina - e assim ele me pegou arrumadinha, de pasta personalizada, numa conversinha indignada ao telefone e, desta forma, tudo confluiu para ele corroborar o que eu sei que ele pensa.
Mas, eis ali um homem bonito - peça rara, muito rara na minha cidade.
Quando a gente se falou pela primeira vez eu me senti um anti-vírus fazendo varredura: escrutinei os arquivos dele que estavam à minha frente (linguagem postura, gestos), detectei algumas ameaças e, por fim, coloquei o sujeito em quarentena.
É que eu não gosto de problemas.
Problema quem deve ter é pesquisa e, ainda assim, com as hipóteses arrumadinhas para que o problema não dure.
Vi, diante dos meus olhos, um homem bonito e alguns problemas. Como tenho minhas tendências, preferi considerar os problemas em primeiro plano, de modo que ele continuará em quarentena, se é que eu já não o considere um arquivo corrompido.
Cléo, não: ela acha que eu tinha que ter ignorado a advertência e aproveitado tudo que tivesse para aproveitar - e ainda me deu dicas de vinho, traçou planos... eu nunca faria um jantar para ele.
Não sou gueixa: poderia ser até que eu fizesse alguma dança dos sete véus para um semi-desconhecido, em tom de brincadeira e de picardia, mas não gosto desse negócio de noites perfeitas.
Já tive uns namorados que entravam na brincadeira, que gostavam de todo tipo de fantasia e entravam no clima, mas também já dei de cara com uns casca-grossa tirados a pragmáticos que não gostavam de nada. Não fosse eu a admirar a inteligência de um tipo desse, mandaria ele pastar rapidinho.
Eu faria várias coisas para agradar a quem eu amo, mas com bom senso.
Tem gente que gosta de amor ostensivo: com cestas, faixas, outdoor, mensagens fonadas, gritos e tangos argentinos. Eu é que não faço e, aliás, já fiz por mera estratégia, na maior falsidade, confesso.
Mas, então, se eu não estou abrindo a guarda para o bonitão - e é bonito mesmo, plenamente - muito menos eu abriria precedentes para O Johnny Bravo ou para o Zé Bonitinho.
E tenho que ouvir as gracinhas das minhas amigas: "Está sozinha porque quer, falta de candidatos não é!". Ah, que castigo! se elas fossem inimigas nem sei o que seria de mim.
Mas, me cabe esclarecer o que eu considero problema, em geral, certo? não estou determinando o caso específico de ninguém. Então, problema é: morar com a mãe; ter filhos de outro casamento; ter uma ex-mulher a quem ele quer provar algo; ter baixo nível de escolaridade; ser dependente emocionalmente do pai, da mãe, do amigo; mudar de humor conforme o que bebe; morar longe demais de minha cidade; trabalhar demais;ser inseguro; questionar meu passado e bagunçar meu presente; não se desligar do próprio passado; ser infantil; ser grosso; ser pão-duro; ser medroso; fumar; não saber o que quer; ser convencido; ser viciado em qualquer coisa; amar o carro acima de todas as coisas; querer um menàge a trois que o favoreça;não ter ambições profissionais, culturais e intelectuais; não ter higiene adequada; ser violento; ser casado; questionar como eu imagino a minha vida daqui a 15 anos; desejar ter filhos comigo; insinuar que quer se enfiar em minha casa; colocar o futebol acima de todas as coisas e querer sempre ter a última palavra. Bem, a gente sempre se esquece de alguma coisa, mas basicamente é isso aí.
Eu odeio problemas!
E além de problemas eu tenho que aguentar as indiretas venenosas:

Linda como um neném
Que sexo tem?
Que sexo tem?
Namora sempre com gay
Que nexo faz?
Tão sexy gay...
Rock'n'roll
Prá ela é jazz!
Já transou
Hi-life, society
Bancando o jogo alto...
Esperta como ninguém
Só vai na boa,
Só se dá bem.
Na lua cheia tá doida
Apaixonada
Não sei por quem...
Agitou um broto a mais,
Nem pensou:
Curtiu! Já foi!
Foi só prá relaxar...
Totalmente Demaaaais!

Sabe sempre quem tem,
Faz avião, só se dá bem
Se pensa que tem problema,
Não tem problema,
Faz sexo bem...
-"Seu carro é do ano,
Seu broto é lindo,
Seu corpo é um tapete
Do tipo que voa.
É toda fina, modelito design
Se pinta, Hello!
Se não dá Bye Bye!
Seu cheque é novinho,
Ela adora gastar
Transou um Rolling Stone
No Canadá
Fazendo manha, bancando o jogo
Que mulher!"
Totalmente Demais!

(Totalmente demais - que Caetano Veloso, Perlla, Mr Einstein e um bando de gente canta).
P.S.: Ai, como as notícias correm

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