Louquética

Incontinência verbal

domingo, 23 de outubro de 2011

Debaixo de chuva


Ah, não para de chover nunca! poxa vida!!! saí embaixo de chuva para dar aulas na pós-graduação neste final de semana. Voltei e a chuva continua, o dia esteve horroroso, as meninas ensaiando sair, mas desencorajadas pelo clima...eu doida para correr um pouquinho, mas nada feito diante da chuva chata.
Descobri, finalmente, porque estou feliz quando não há motivos para isso.
Devo ressaltar: não só não há motivos, como a situação é toda adversa a mim. E estou feliz porque me livrei de algo que me deixava infeliz. Deste modo, o que vier, o problema que for, a adversidade que for, tudo é pouco diante do fato de eu me livrar do que eu não queria para mim.
O mais alto dos preços é ainda pouco diante da satisfação de me livrar de quem me oprimia. Claro, estou falando da orientação mesmo, da vida acadêmica. Faz muita diferença esta paz de estar longe de quem eu definitivamente não quero por perto, ainda mais na minha vida e no meu cotidiano. Eu queria ver se eu aguentaria o convívio semanal da gente, durante o estágio. Claro que não!
Sou uma chata assumida: não foram poucas as vezes em que falei sobre a minha necessidade de estar sozinha, de ficar sozinha em casa. Não sei se isso se volta à impaciência, mas sei que isso se relaciona com minha dificuldade em morar com alguém, seja quem for, em que condição for.
Se me falta a paciência para aturar um homem que examinasse meu celular e invadisse minha privacidade, falta ainda mais paciência e disposição para estar acompanhada a toda hora.
Gosto da minha vida: ela é minha e eu gosto de ficar sozinha.
O convívio lá com o ser humano que me orientava iria enfrentar os desgastes do convívio prolongado...e assim foi.
Já pensei que eu fosse egoísta: a psicanálise mostrou que não, pelo contrário. Eu sempre me doei e sempre procurei dividir o que tenho e não tenho o perfil muquirana, por isso sou generosa com presentes e agrados, sei pedir desculpas e sei agradecer, sou solidária nas dores dos meus amigos e divido as minhas alegrias com eles. Não sei me esquivar de retribuir ao carinho e à atenção de meus "próximos" e, se não bastasse um diagnóstico da psicanálise, Tatiana já declarou isso também.
Tenho resistência em manter contato com que eu sei que me traiu; tenho dificuldade em cumprimentar um traidor disfarçado de amigo e me sinto constrangida por não poder ser franca e dizer diretamente tudo isso a quem couber. Toda vez que eu traio o que eu sou e o que eu sinto, no final vai dar nisso, numa outra forma de incômodo.
Também me sinto mal quando encontro um amigo ou amiga que eu sei que está recebendo a punhalada nas costas, seja dos seus namorados, maridos ou amigos, porque parece que todo mundo sabe de tudo, exceto a parte envolvida. Portanto, me sinto cúmplice. Mas eu nunca contaria nada, como, de fato, não contei. E quando eu falo que a minha vida é minha é para reforçar que cada um cuide da sua. Assim, não me meto nas vidas alheias.
Bom, mas com chuvas, com problemas, com faltas e com o que for, estou feliz...feliz e sonolenta, porque eu cheguei a Feira na madrugada de hoje e o sono esbagaça meu bem-estar.
Vamos ver o que eu coloco no meu repertório de desculpas esfarrapadas para não viajar com as meninas neste feriadão. Eis a falsidade que dói fazer: tenho que ir alimentando que vou, que está tudo certo, porque senão elas desistem. Hoje eu me traí, jogando a pré-desculpa esfarrapada, dando a entender que terei o que fazer nesta semana e blablablá...aí já me vieram com um plano B, tipo adiar a viagem... vou ter que aperfeiçoar a técnica.
É, a chuva não passa...

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